"Nós temos um papel de mediação muito importante, ainda conseguimos também falar com o Governo israelita, o que não deixa de ser importante neste contexto, ter algum canal aberto para lá, coisa que outros, entretanto, alienaram", disse Paulo Rangel, durante uma audição na comissão parlamentar de Negócios Estrangeiros, a pedido do Bloco de Esquerda e do PCP sobre a situação na Faixa de Gaza, palco de uma guerra entre Israel e o movimento islamita palestiniano Hamas há mais de oito meses.
Instado pelos dois partidos a esclarecer por que motivo Portugal ainda não fez o reconhecimento formal do Estado da Palestina -- como fizeram recentemente Espanha, Irlanda, Noruega e Eslovénia -, o chefe da diplomacia portuguesa reiterou que o Governo está "em permanente avaliação dessa situação".
Paulo Rangel sustentou que "em termos jurídicos, os requisitos para o reconhecimento não estão preenchidos", acrescentando: "Mas nós também não vamos esperar que eles estejam".
"Enquanto esta posição que temos de aguardar algum tempo - que pode ser mais ou pode ser menos, pelo reconhecimento formal - for útil e estiver a produzir resultados positivos, nós vamos mantê-la. E se nós sentirmos que o reconhecimento permite um passo efetivo, nós vamos avançar também. Não tenho qualquer dúvida sobre isso", garantiu.
O governante destacou ainda o papel "muito ativo e discreto" de Portugal na cena internacional no sentido de persuadir outros países a ter uma posição "mais aberta e positiva nesta matéria", nomeadamente outros Estados-membros da União Europeia (UE).
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