O primeiro-ministro, Luís Montenegro, manifestou-se, ao início da noite desta terça-feira, sobre o facto de a Rússia ter proibido o acesso a 81 meios de comunicação social europeus, incluindo quatro portugueses, demonstrando "solidariedade" com "o jornalismo livre".
"Portugal repudia fortemente a decisão da Federação Russa de proibir o acesso digital a 81 meios de comunicação social europeus, entre os quais 4 portugueses: RTP, Expresso, Público e Observador", afirmou Montenegro numa publicação na rede social X (antigo Twitter).
"Em defesa da liberdade de expressão, a nossa solidariedade com o jornalismo livre", acrescenta o líder do Governo português.
Recorde-se que o anúncio foi feito hoje pelo Ministério dos Negócios Estrangeiros russo.
Portugal repudia fortemente a decisão da Federação Russa de proibir o acesso digital a 81 meios de comunicação social europeus, entre os quais 4 portugueses: @rtppt, @expresso, @Publico e @observadorpt. Em defesa da liberdade de expressão, a nossa solidariedade com o jornalismo…
— Luís Montenegro (@LMontenegropm) June 25, 2024
A vice-presidente da Comissão Europeia, Vera Jourova, também defendeu hoje que o bloqueio pela Rússia representa "represálias absurdas" pelas medidas tomadas pela União Europeia (UE) contra 'medias' russos.
"Não, os órgãos de propaganda financiados pela Rússia para espalhar a desinformação no âmbito da doutrina militar russa não são semelhantes aos meios de comunicação independentes. As democracias sabem disso", frisou Vera Jourova, através da rede social X.
A medida visa retaliar a decisão da União Europeia (UE) de proibir "qualquer atividade de radiodifusão" aos meios de comunicação social russos RIA Novosti, Izvestia, Rossiyskaya Gazeta e Voice of Europe, que entra hoje em vigor, segundo o ministério.
As restrições abrangem meios de comunicação social da UE "que divulgam sistematicamente informações falsas sobre o desenrolar" da operação militar especial na Ucrânia, disse o ministério através de um comunicado.
A Rússia designa a invasão e consequente guerra na Ucrânia, em curso desde fevereiro de 2022, como uma operação militar especial para "desmilitarizar e desnazificar" o país vizinho.
Desde o início da guerra, a UE proibiu as emissões de canais russos como o RT no espaço europeu por considerar que difundiam propaganda de Moscovo e desinformação.
Os 'media' russos visados "têm sido essenciais e instrumentais na apresentação e apoio à guerra de agressão da Rússia contra a Ucrânia e na desestabilização dos seus países vizinhos", segundo a UE.
As novas restrições foram aprovadas pelo Conselho Europeu em 17 de maio e mereceram as medidas retaliatórias agora anunciadas pela diplomacia de Moscovo.
Além de Portugal, são visados 'media' de Alemanha, Áustria, Bélgica, Bulgária, Chipre, Hungria, Grécia, Dinamarca, Eslováquia, Eslovénia, Espanha, Estónia, Finlândia, França, Irlanda, Itália, Letónia, Lituânia, Malta, Países Baixos, Polónia, República Checa, Roménia e Suécia.
A França é o país mais visado, com nove órgãos de comunicação social, incluindo a agência AFP, TF1, Le Monde, Libèration e L'Express.
A agência espanhola EFE também é uma das visadas, bem como a RTVE e os jornais El Mundo e El Pais.
A Alemanha figura na lista com Der Spiegel, Die Zeit e Frankfurter Allgemeine.
"O lado russo avisou repetidamente e a vários níveis que o assédio politicamente motivado a jornalistas nacionais e as proibições infundadas aos meios de comunicação social russos na UE não passarão despercebidos", disse a diplomacia de Moscovo.
O ministério de Serguei Lavrov referiu que, apesar dos avisos, "Bruxelas e as capitais dos países do bloco optaram por seguir o caminho da escalada, forçando Moscovo a tomar contramedidas espelhadas e proporcionais com outra proibição ilegítima".
A diplomacia russa responsabilizou a UE e aos países em causa pela "evolução dos acontecimentos".
"Se as restrições impostas aos meios de comunicação social russos forem levantadas, a parte russa também reconsiderará a sua decisão em relação aos operadores de meios de comunicação social mencionados", acrescentou.
[Notícia atualizada às 22h30]
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