Em entrevista à agência Lusa, o comandante nacional de emergência e proteção civil, André Fernandes, avançou que estão "já contratualizados 70 meios aéreos" para atuarem a partir de segunda-feira, "mas tudo indica que haverá um reforço de dois 'canadair'", totalizando assim 72 aeronaves, um número idêntico ao do ano passado.
"Era algo que já estava pensado, é um processo que está a decorrer do ponto de vista da contratação em que nós estamos a apoiar e a acompanhar a Força Aérea, que tem essa responsabilidade, mas tudo indica que teremos durante esta fase também o reforço de dois 'canadair'", precisou.
O Dispositivo Especial de Combate a Incêndios Rurais (DECIR) vai ser reforçado, na segunda-feira, pela terceira vez este ano ao entrar na capacidade máxima, passando a estar em prontidão, até 30 de setembro, 14.155 elementos divididos por 3.162 equipas dos diferentes agentes de proteção civil e 3.173 veículos.
Este ano o DECIR tem, entre as novidades, a contabilização dos meios que podem ser mobilizados em caso de necessidade, além dos meios permanentes que estão diariamente no terreno.
"Este ano fizemos uma contabilização para também constar da diretiva o contributo de cada entidade, nomeadamente dos bombeiros, que é um número mais expressivo", disse André Fernandes.
O comandante afirmou que, além dos "14.155 operacionais diários que estão afetos ao dispositivo só para a supressão de incêndios rurais, consta do DECIR o número de meios que podem ser mobilizados caso exista uma situação mais complexa".
"Além dos incêndios rurais, há os incêndios urbanos, emergências médicas e os acidentes rodoviários. Toda a atividade dos bombeiros que importa acautelar, mas sabemos que temos aquele número que, em caso de haver uma necessidade, é mobilizável", disse, precisando que se trata de "meios extra que podem ser alocados a esta questão dos incêndios rurais".
Aquela que é considerada a fase mais crítica de incêndios e que mobiliza o maior dispositivo tem este ano um ligeiro aumento de meios em relação a 2023, com mais 264 elementos para o combate aos fogos.
André Fernandes avançou que o dispositivo de combate está estabilizado: "Podemos evoluir um bocadinho mais ou menos, mas a estabilização numérica ou quantitativa está [definida] o que não está é a qualitativa, ou seja, todos os anos melhoramos. É uma das mais-valias do sistema atual do sistema de gestão de fogos rurais".
O comandante nacional sublinhou que este ano foram introduzidas melhorias no sistema, sendo exemplo a constituição das equipas de posto de comando operacional para eventos complexos.
O mesmo responsável explicou que estas equipas foram operacionalizadas e, pela primeira vez, utilizadas no incêndio de Odemira no ano passado e "tiveram de facto um trabalho muito profícuo naquilo que foi a gestão de uma emergência complexa".
"Este ano estão também já operacionais e a partir de 01 de julho são 10 equipas em todo o território continental. Duas por cada região", disse, dando conta de que fazem parte destas equipas elementos da estrutura operacional da Autoridade Nacional de Emergência e Proteção Civil (ANEPC) e elementos oriundos dos quadros de comandos dos corpos bombeiros e agentes de proteção civil, nomeadamente da GNR ou PSP, Forças Armadas, Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas e outras entidades que sejam necessárias face à tipologia de ocorrência.
André Fernandes disse igualmente que estas equipas são dedicadas aos incêndios rurais, mas podem também ser utilizadas em diferentes tipologias de ocorrência, como acidentes ou cheias.
Para o DECIR deste ano foi feito um reforço na formação de especialização, como análise dos incêndios e utilização da maquinaria pesada.
"Este ano também vamos ter uma aplicação que permite verificar onde é que as máquinas de rasto estão, ou seja, acaba por haver aqui um complemento de utilização e melhoria de utilização deste recurso tão importante como a máquina de rasto", disse ainda.
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