Luís Bernardo, empresário e consultor que foi assessor de José Sócrates quando este foi primeiro-ministro, e que também foi diretor de comunicação do Benfica, é um dos alvos numa megaoperação da Polícia Judiciária, levada a cabo na manhã desta quinta-feira, sob suspeita de crimes como corrupção, avançou a CNN Portugal e a Now Canal.
A Polícia Judiciária (PJ), que não identificou nenhum dos intervenientes, indicou, através de comunicado, estar a efetuar buscas em empresas de assessoria, organismos públicos e residências, sob "fortes suspeitas" de favorecimento de empresas do setor da comunicação por parte de diversas entidades públicas.
Os meios referidos indicam que um dos alvos é a empresa Wonder Level Partners (WLP), de Luís Bernardo, pela forma como ganha contratos para liderar a comunicação de entidades públicas por ajuste direto ou consulta prévia.
Um amigo de Luís Bernardo, o também consultor João Tocha, que detém a empresa First Five Consulting, é outro alvo desta operação.
As suspeitas de corrupção estendem-se a contratos com diferentes entidades, como várias autarquias de norte a sul do país, através de procedimentos de consulta prévia ao mercado falseados num conluio entre autarcas, Luís Bernardo e João Tocha.
Além disso, um dos casos de suspeita de viciação das regras da contratação pública diz respeito ao Tribunal Constitucional.
A investigação acredita que existe um esquema de criação de aparência fictícia de legalidade, dado que, em vários concursos de consulta prévia, surgem em simultâneo, simulando serem concorrentes, a WLP de Luís Bernardo, a First Five Consulting do amigo João Tocha, a Remarkable, de um sócio de João Tocha, e a Sentinelcriterion de um sobrinho de Luís Bernardo.
De acordo com o comunicado da PJ, que não identifica os alvos das buscas, foram executados 34 mandados de busca e apreensão, nomeadamente, 10 buscas domiciliárias, 13 não domiciliárias em organismos públicos e 11 buscas não domiciliárias em empresas nas zonas de Lisboa, Oeiras, Mafra, Amadora, Alcácer do Sal, Seixal, Ourique, Portalegre, Sintra e Sesimbra.
A operação denominada 'Concerto', coordenada pela Unidade Nacional de Combate à Corrupção (UNCC), conta com a participação de cerca de 150 elementos da PJ, além de oito procuradores do Ministério Público, num inquérito titulado pelo Departamento Central de Investigação e Ação Penal (DCIAP).
Entretanto, também a Procuradoria-Geral da República divulgou uma nota no seu 'site' sobre esta operação, acrescentando que os factos sob investigação terão ocorrido entre 2020 e 2024 e detalhando alguns dos locais que foram alvo de buscas, como uma universidade, municípios, uma freguesia de Lisboa, serviços municipalizados, empresas municipais e a secretaria-geral do Ministério da Administração Interna.
O MP adiantou ainda que as empresas de assessoria de comunicação sob suspeita terão criado um "esquema concertado que passava pela apresentação de propostas em concursos públicos, criando falsamente um cenário de aparente concorrência e legalidade, mas tendo em vista garantir, à partida, quais seriam as vencedoras das adjudicações" dos contratos.
O inquérito está sujeito a segredo de justiça.
[Notícia atualizada às 13h03]
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