"O objetivo desta ação de protesto não será somente o de repudiar a tauromaquia, mas também o de sensibilizar a população em geral para a necessidade de unir esforços por uma causa que sabemos ser comum à maioria dos figueirenses", referiu, na nota, o movimento Figueira Sem Tourada.
O protesto inclui uma concentração junto à praça de touros, um edifício privado, inaugurado há quase 130 anos e detido pela sociedade anónima Companhia do Coliseu Figueirense, seguida de um desfile a pé, durante o espetáculo tauromáquico (às 22:00), num percurso de cerca de 500 metros pela zona turística do Bairro Novo, até à Esplanada Silva Guimarães, fronteira à praia.
O movimento existe desde 2017 e, todos os anos, realiza concentrações de protesto na Figueira da Foz, que juntam, de cada vez, poucas dezenas de pessoas. Segundo o Figueira Sem Tourada, o desfile que se segue tem como objetivo a "sensibilização dos figueirenses e turistas para a tortura" a que os animais são sujeitos
Questionada pela agência Lusa sobre a aparente contradição de a causa contra as touradas na Figueira da Foz ser comum à maioria dos figueirenses, como o movimento defende e depois, todos os anos, os protestos juntarem três ou quatro dezenas de pessoas e não existirem outras iniciativas para além destas concentrações, Mia de Carvalho, porta-voz do Figueira Sem Tourada, admitiu esses números.
"Infelizmente, sabemos que o associativismo e as pessoas saírem à rua acaba por tirá-las da sua zona de conforto e daí não ser comum sermos mais do que o número que indicou. Também há muitas pessoas que gostariam de estar connosco e transmitem-nos isso. Não estão, porque para elas estar frente à arena é demasiado forte e não conseguem estar", argumentou.
A ativista frisou, no entanto, que durante o desfile a pé, muitas pessoas aplaudem os manifestantes, e, no final, abordam-nos e passam a mensagem de serem contra as touradas.
"Como é óbvio, à frente do Coliseu Figueirense é mais raro encontrar pessoas que estejam de acordo com aquilo que estamos a defender. Mas ao longo do percurso na cidade, a grande maioria das pessoas está a nosso favor e nem sequer sonha, ou sabe, que está a haver uma tourada e transmitem-nos isso", observou Mia de Carvalho.
Ouvido pela Lusa, o administrador da Companhia do Coliseu Figueirense, Miguel Amaral, disse não conseguir avaliar a alegação da maioria dos residentes na Figueira da Foz ser contra as touradas, dado que a questão nunca foi aprofundada nem a origem dos espetadores é relevante, na sua opinião
"O que posso dizer, e não estou a falar pelos figueirenses, estou a falar pela grande maioria das pessoas que gostam de touros e vão às corridas, é que de há quatro anos para cá o número de corridas quase duplicou e o número de espetadores a mesma coisa. Agora é raro qualquer praça do país não ter praticamente lotação esgotada", notou Miguel Amaral.
Vincou, por outro lado, que os relatórios publicados pela Inspeção-Geral das Atividades Culturais (IGAC) sobre a atividade tauromáquica, apontam precisamente para o aumento dos números de corridas de touros e de espetadores em Portugal.
Sobre o protesto de sábado, a exemplo de outros que decorreram nos últimos anos (com os manifestantes relegados para uma rua de acesso à praça de touros, a 50 metros do edifício, acompanhados pela PSP), o administrador do Coliseu Figueirense lamentou os alegados insultos aos aficionados tauromáquicos, que, geralmente, os ignoram.
"Estes senhores estarem ali junto à praça não lhes dá o direito de insultar as pessoas, chamarem-lhes assassinos e outras coisas. As pessoas estão ali tranquilamente a comprar o seu bilhete para ver um espetáculo de que gostam, isto não pode ser", enfatizou.
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