O parvovírus B19 tem vindo a 'marcar' presença este ano, com notícias a darem conta deste vírus, que pode provocar a morte aos fetos até às 20 semanas de gestação.
O tema voltou para 'cima da mesa' ainda em junho, quando começaram a existir relatos de que havia um aumento no número de infeções. No final desse mês, a Unidade Local de Saúde de São José confirmou ao Notícias ao Minuto que "houve um aumento claro", principalmente em fevereiro.
Posteriormente, este aumento foi confirmado, com a Direção-Geral da Saúde (DGS) a emitir recomendações aos profissionais de saúde sobre o efeito do vírus em grávidas, e informando que o pico foi em março. Na nota, a autoridade sublinhou, no entanto, que "não são recomendadas medidas específicas a serem adotadas pela população geral e reitera-se a avaliação de baixo risco atual".
"Estima-se que 30-40% das mulheres grávidas podem ser suscetíveis à infeção. A infeção nas primeiras 20 semanas de gestação pode conduzir a resultados adversos graves para o feto, como anemia, hidrópsia fetal e morte intrauterina, em até 10% dos casos", alertou a DGS, que falou no final de julho de dados provisórios.
Na altura também a ministra da Saúde, Ana Paula Martins, falou sobre a situação, garantindo os peritos "estão muito atentos".
"Atentos", os peritos da DGS chegaram mesmo a reforçar que havia "baixo risco" até à data de hoje para a população, justificando as medidas de sensibilização aos profissionais de saúde "face ao contexto epidemiológico internacional e nacional".
Mas apesar do "baixo" risco, o que precisa de saber sobre o parvovírus?
Como se transmite?
O parvovírus B19 transmite-se por gotículas respiratórias, contacto mão-boca, produtos derivados de sangue, transplante de medula óssea ou via transplacentária.
O vírus tem um período de incubação de quatro a 14 dias após a exposição, mas pode durar até três semanas e o doente é considerado infeccioso durante cinco dias, podendo ser assintomática.
Sintomas
Na sua página, a DGS dá conta de algumas informações sobre o parvovírus, explicando que inicialmente surge febre baixa e um mal-estar ligeiro. Alguns dias depois, surge uma erupção cutânea endurecida sobre a face (semelhante a uma 'face esbofeteada') e simétrica, mais visível nos braços, pernas e tronco. Geralmente esta erupção não afeta a palma das mãos nem a planta dos pés.
A erupção adquire um aspeto rendilhado com uma área central clara, geralmente mais evidente nas áreas expostas. A erupção e a doença duram geralmente até 10 dias.
Como prevenir?
Segundo as indicações, as medidas para evitar o contágio passam pela lavagem frequente das mãos, especialmente antes de comer e depois de ter tocado em objetos contaminados (lenços de papel, copos e talheres sujos), bem como a higienização adequada.
O contacto com as pessoas com esta doença deve ser evitado, uma vez que o eritema infeccioso se transmite por gotículas eliminadas com a tosse ou espirros, por lenços de papel sujos, copos e talhares.
De acordo com a DGS, cerca de dois terços da população são imunes à infeção pelo parvovírus B19, devido a infeções anteriores (15% das crianças pré-escolares, 50% dos adultos e 85% dos idosos).
Em 5 de junho, o Centro Europeu de Prevenção e Controlo das Doenças (ECDC) alertou para o aumento substancial de casos de infeção pelo parvovírus B19 em nove países da União Europeia desde março de 2024.
"A avaliação de risco do ECDC identificou as mulheres grávidas como um grupo populacional com risco, avaliado como baixo a moderado, pela suscetibilidade à infeção e pela gravidade do quadro clínico numa pequena percentagem de grávidas infetadas, e pelo impacto que a infeção pode ter no feto, em especial quando a infeção ocorre em gestações com menos de 20 semanas", indica a DGS.
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