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Português que tentou matar mulher em Vigo volta a ameaçá-la. "Pânico"

Carlos Pinto saiu em liberdade condicional depois de cumprir 8 dos 11 anos a que foi condenado por tentativa de homicídio da agora ex-mulher. Apesar de estar proibido de a contactar, o empresário de Vila Nova de Gaia, tentou adicioná-la ao Instagram e enviou vários 'pedidos de amizade' no Facebook e mensagens a amigos da vítima.

Português que tentou matar mulher em Vigo volta a ameaçá-la. "Pânico"

"Tem sido horrível, pior que da primeira vez que ele me tentou matar". É assim que Eliza descreve ao Notícias ao Minuto o que está a passar novamente, oito anos depois de ter sido alvo de uma tentativa de homicídio por parte do então marido, o milionário português Carlos Pinto, num hotel de Vigo, em Espanha.

 

Quase uma década depois de ter sido atacada com violência com um maço de calceteiro, a ex-modelo romena, que vive em Portugal há vários anos, voltou a receber ameaças do agora ex-marido que, entretanto, saiu da prisão e está em liberdade condicional.

"Não durmo, não como há uma semana. Ontem não aguentei mais e tive de ir às urgências. Estou com ataques de pânico constantes", revela ao Notícias ao Minuto, acrescentando que "está com uma depressão profunda", apesar de saber que tem de ser "forte" pela "filha pequena" que, entretanto, teve.

Pedidos de amizade e mensagens de tom ameaçador

Desde o final de julho que Eliza sente que está "em perigo a toda a hora", depois de vários amigos terem recebido 'pedidos de amizade' no Facebook, alegadamente, de Carlos Pinto, assim como diversas mensagens, entre as quais, pelo menos uma a que o Notícias ao Minuto teve acesso, com tom ameaçador: "Triste quando não se vê os nossos filhos crescerem, especialmente se têm só 2 anitos, mas há gente que está a mais nesta vida".

Notícias ao Minuto Print de mensagem enviada a uma amiga de Eliza© Eliza  

Apesar de estar proibido de se aproximar ou contactar Eliza durante 18 anos, também a ela chegou um 'pedido de amizade' por Instagram, supostamente, do empresário de Vila Nova de Gaia, no dia 4 de agosto. Se houve mensagens posteriores a este pedido, a empresária não sabe, uma vez que bloqueou imediatamente a conta e contactou a advogada, em Espanha, para saber o que se passava.

"Ela informou o tribunal que ele estava a incomodar-me e foi aí que soubemos que ele tinha sido libertado", conta ao Notícias ao Minuto, em choque por não ter sido avisada da libertação do ex-marido, que a tentou matar em abril de 2016.

Cumpriu apenas 8 dos 11 anos de cadeia a que foi condenado

Carlos Pinto, que foi condenado em maio de 2019 por tentativa de homicídio, terá sido, entretanto, transferido de uma prisão de Pontevedra para Salamanca, onde acabaram por lhe conceder o direto à liberdade condicional, a 7 de julho deste ano, depois de cumprir apenas oito dos 11 anos e quatro meses de cadeia a que tinha sido condenado.

Entretanto, Eliza também arranjou uma advogada em Salamanca, apresentou queixa nas autoridades espanholas e numa esquadra Polícia de Segurança Pública (PSP) de Braga.

Perante as provas que facultou às autoridades, de que o ex-marido a tinha tentado contactar, assim como enviado mensagens a amigos e até a clientes, a empresária garante que foi emitido um mandado de captura que, em breve, entrará no sistema "aqui em Portugal".

Notícias ao Minuto Print de uma publicação, alegdamente, da conta de Instagram de Carlos Pinto© CIPE0909  

Enquanto isso não acontece, Eliza vive um pesadelo. "No dia em que fui apresentar queixa [na PSP de Braga], estive umas cinco horas na polícia para expor o meu caso. Para já, disseram para eu ter muito cuidado, para nunca andar sozinha. Os polícias passam várias vezes por dia pela minha casa. E se o vir tenho de os chamar de imediato. Estou à espera que me aprovem o botão de pânico", disse, acrescentando que sai de casa "todas as noites porque tenho medo que ele saiba a minha morada".

Apesar de saber que o mandado de captura pode estar iminente, Eliza teme que Carlos Pinto possa estar "mais perto do que imaginam", uma vez que descobriu onde trabalha. Por isso, pede proteção policial "antes que seja tarde de mais".

O Notícias ao Minuto contactou a PSP para saber em que ponto está a situação e, de acordo com esta força de segurança, a denúncia efetuada a 5 de agosto por Eliza já foi remetida para o Ministério Público (MP), estando a PSP a dar "atenção e celeridade à situação".

Cartas com ameaças enviadas a partir da prisão 

E as ameaças não são de agora. Mal foi preso, Carlos Pinto enviou várias cartas dirigidas (e não só) a Eliza.

Notícias ao Minuto Ferimentos provocados por Carlos Pinto em Eliza© Eliza  

"Nas primeiras cartas que enviou, ofereceu dinheiro para que eu desistisse do caso. Acho que na altura, as cartas diziam 150 mil euros. Depois começaram as cartas de ameaças. Ele enviava as cartas para uma amiga e para o marido dela. Além de enviar para casa deles, enviou também para o trabalho dele", contou a ex-modelo, que nasceu numa família abastada, ao Notícias ao Minuto, adiantando que o milionário sempre lhe disse que se alguém lhe fizesse mal, "até podia passar 20 anos na cadeia, mas ia vingar-se sempre das pessoas, nunca se esqueceria e viria sempre atrás".

Eliza está "agradecida" a todas as pessoas que a têm tentado ajudar, entre as quais a ativista Francisca de Magalhães Barros, que se tem debatido, entre outras coisas, pelas vítimas de violência doméstica.

Foi Francisca que expôs o seu caso nas redes sociais, tornando-o público, de forma a sentir-se mais protegida.

Ao Notícias ao Minuto, a ativista realçou que Eliza "precisa ser protegida, agora" e não apenas por um "botão de pânico", algo que considera ser "ridículo" para todas as vítimas de violência doméstica, ainda mais para quem "foi sujeita a uma tentativa de homicídio sádica". "Eles com martelos, espingardas e armas e nós com isso", alega.

O caso remonta a abril de 2016, altura em que Carlos tentou matar Eliza, alegadamente, por motivos financeiros (e de ciúmes),num hotel de Vigo, Espanha, onde ambos estavam a pernoitar.

O milionário, que em fevereiro de 2016 já tinha sido condenado a quatro anos de pena efetiva por fraude fiscal, pelo Tribunal de Viseu, estaria em dificuldades financeiras e queria o seguro de vida da mulher, com quem tinha uma relação há seis anos e era casado há seis meses.

Na altura, o antigo engenheiro ainda tentou alegar legítima defesa, mas o tribunal concluiu que este atacou Eliza de surpresa, quando saia do banho, com uma maçaneta de calceteiro na parte lateral da cabeça, causando-lhe perda de visão temporária. Posteriormente, ainda a tentou asfixiar com as duas mãos e bateu várias vezes com a sua cabeça no chão.

A romena só conseguiu escapar porque, alegadamente, Carlos Pinto sofreu um enfarte na altura que a agredia.

[Notícia atualizada às 10h57 do dia 14 de agosto de 2024]

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