"Não compreendo como há tanta gente, nomeadamente os partidos da oposição, que está incomodada com esta medida social que revela responsabilidade orçamental", disse Paulo Rangel, no final de uma visita ao Centro Social e Paroquial Nossa Senhora da Boavista, na freguesia de Ramalde, no Porto.
Em declarações aos jornalistas, Paulo Rangel apontou em específico as críticas do secretário-geral do PS, Pedro Nuno Santos, de que o suplemento para as pensões é uma medida eleitoralista.
"Que eu saiba, não há perspetiva de eleições, só há eleições se o secretário-geral do PS quiser. Sinceramente, eu não vou fazer comentário político, mas há uma coisa que lhe digo que é clara, os portugueses que estão em casa sabem que somos um Governo reformista, com sensibilidade social", referiu.
Em seu entender, é necessário "olhar para as pessoas que têm rendimentos menores. Temos que ter políticas estruturais para fazer crescer a economia e poder distribuir melhor, mas também temos que ter medidas de apoio às famílias e, neste caso, às pessoas mais idosas".
Este suplemento, que foi anunciado na quarta-feira, na Festa do Pontal, rentrée política do PSD, no Algarve, deverá ser aplicado em outubro e custará "um pouco mais de 400 milhões de euros".
"As medidas sociais não deviam incomodar o PS, deviam estimular o PS. O Governo está a trabalhar sempre para a estabilidade e não está a pensar em eleições antecipadas", disse, sublinhando que "a preocupação" do Executivo é "reformar o país e ter sensibilidade social".
Nesse sentido, Rangel apontou também a medida relativa aos passes ferroviários, de 20 euros, mensais: "Veja bem, o que isto significa em termos de sustentabilidade ambiental. Isto é uma medida estrutural, não é?".
Paulo Rangel apontou também o aumento anunciado das vagas do curso de medicina, para afirmar que "o Governo não está a trabalhar para amanhã. O Governo está a trabalhar para amanhã, para daqui a um mês, para daqui a um ano".
Ainda em matéria de saúde, Rangel disse não compreender as críticas do PS e do secretário-geral deste partido, que considerou que a situação está agora "pior do que em 2023".
"Não é pior, de maneira nenhuma, mas há uma coisa que eu vou dizer, é preciso ter autoridade moral para falar. Não faz sentido que Pedro Nuno Santos, que integrou um governo que durou oito ou nove anos e deixou o Serviço Nacional de Saúde no estado em que deixou, vir criticar um governo que está há 4 meses em funções", sublinhou.
No caso do encerramento de urgências de obstetrícia, "nós estamos a resolver os problemas e o sistema está a funcionar com limitações, que resultam de políticas do PS, de nove anos".
"Não resolveram também as questões dos polícias, dos professores, dos oficiais de justiça e dos militares. Todas essas questões foram resolvidas em quatro meses", frisou.
Relativamente à questão da viabilização do próximo Orçamento do Estado, o ministro disse que "tudo está a correr segundo a normalidade" e sugeriu "serenidade" ao líder socialista, uma vez que as negociações "deverão recomeçar em setembro".
Paulo Rangel afirmou que "há todas as condições" para aprovar o próximo Orçamento do Estado, desde que "os partidos da oposição queiram".
"O Governo quer estabilidade. Agora a estabilidade também depende da oposição. Portanto, veremos como se comporta a posição do Governo", acrescentou.
No Pontal, que é "um acontecimento partidário, mas tradicional do PSD, o primeiro-ministro deixou claro que queremos reformar o país, que estamos a reformar o país", disse Rangel.
O primeiro-ministro, Luís Montenegro, anunciou na quarta-feira que o Governo vai aprovar um suplemento extraordinário para as pensões mais baixas, que irá variar entre os 100 e 200 euros, e será pago em outubro.
Numa intervenção de quase 45 minutos na Festa do Pontal, em Quarteira, distrito de Faro, que marca a 'rentrée' política do PSD, Luís Montenegro anunciou um "suplemento extraordinário" pago em outubro e que será de 200 euros, para quem tenha pensão até 509,26 euros, de 150 euros para as pensões entre 509,26 e 1018,52 euros e 100 euros para as pensões entre 1018,52 e 1527,78.
O chefe do executivo anunciou também a criação de mais vagas para o curso de medicina, de forma a compensar as aposentações dos médicos do Serviço Nacional de Saúde, e um passe ferroviário de 20 euros mensais que dará acesso a todos os comboios urbanos, regionais, inter-regionais e intercidades.
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