O presidente do Governo Regional da Madeira considerou, este domingo, que as críticas que tem recebido por não ter aceitado de imediato a ajuda do continente partiram de "abutres políticos" e "treinadores de bancada", que "não sabem como é que se combate" um incêndio. Miguel Albuquerque deixou ainda críticas ao Estado português, que acusa de olhar para as regiões autónomas como "um bom negócio".
O governante fazia um ponto de situação, quando voltou a ser confrontado com as críticas de que foi alvo, não só da oposição, mas também por parte da população.
"Eu não acredito é que há um conjunto de abutres políticos que se querem aproveitar destas situações para tirar dividendos políticos. Depois, há também um conjunto, para além dos abutres, dos chamadores treinadores de bancada, que nunca tiveram num fogo, não sabem como é que se combate o fogo, não têm qualquer ideia de qual é a estratégia a utilizar em termos práticos para atuar. Nós atuamos em função de orientações técnicas, os fogos não se combatem de forma desregrada", disse Albuquerque, em declarações aos jornalistas no Curral das Freiras, concelho de Câmara de Lobos.
"Depois, tempos uma situação, que é normal e que estamos habituados, que é as pessoas ficam nervosas, ficam stressadas, é normal", acrescentou.
Interrogado sobre as sugestões de que a região deveria ter mais do que um meio aéreo de combate aos incêndios, Albuquerque lembrou que, "neste momento", o arquipélago está a gastar "três milhões de euros" no meio que tem, que é "determinante", mas que neste fogo nem sempre conseguiu operar.
Confrontado sobre a possibilidade de pedir ajuda, neste sentido, ao Estado, o presidente do Governo Regional da Madeira atirou: "Por mim, tínhamos três ou quatro, mas temos de negociar as coisas. O Estado não assume responsabilidades, nas suas regiões autónomas, no sobrecustos da Educação, da Saúde, na área da Proteção Civil. Tudo isto é pago pelos contribuintes da Madeira".
"A Madeira e Açores, neste momento, no quadro das finanças regionais, é o alto negócio do Estado. O Estado diz que a Madeira e os Açores fazem parte integrante da nação e do Estado português, mas cada vez gasta menos dinheiro. Portanto, é um bom negócio", criticou.
"Combinei ontem [sexta-feira] com o ministro Paulo Rangel a vinda dos meios, chegam à 1 hora da manhã [de domingo]", adiantou o presidente do governo regional da Madeira.
Notícias ao Minuto com Lusa | 01:31 - 18/08/2024
Antes, Miguel Albuquerque tinha confirmado que o incêndio tem "três frentes ativas", "com uma evolução para norte, sobretudo o da Serra de Água", apontou o presidente do Governo Regional.
O governante sublinhou que o fogo lavra em zonas de difícil acesso, sem habitações por perto, explicando que a retirada de pessoas das suas casas é uma medida preventiva, para que não inalarem fumos, sobretudo idosos e crianças.
"Até agora, o que é importante é que temos conseguido salvaguardar as zonas urbanas, as habitações, e vamos continuar esta estratégia", frisou.
Quanto à disponibilidade da Região Autónoma dos Açores para enviar meios para apoiar no combate a este incêndio, Miguel Albuquerque referiu que a Madeira está recetiva a essa ajuda, mas a decisão consoante a evolução da situação durante o dia de hoje, inclusive com a equipa que chegou de Lisboa.
O líder do executivo madeirense indicou que a situação no Curral das Freiras "está mais controlada" e o fogo não chegou a subir ao Pico do Areeiro, um dos pontos mais altos da Madeira.
Respondendo às críticas sobre ausência de políticas de prevenção de incêndios e preservação da floresta na região, o governante destacou o investimento em "ações maciças de reflorestação", apontando como uma das mais importantes os cerca de 300 hectares no Caminho dos Pretos, e assegurou que está a ser feito "tudo o que é necessário" na área da prevenção.
"Agora, quando temos situações de fogo posto como é recorrente [...], onde esse fogo posto é na altura em que não é sequer possível o meio aéreo - devido à força dos ventos - intervir, evidentemente que a situação se torna mais complicada", explicou.
No âmbito deste incêndio, pelo menos 160 pessoas foram retiradas das suas habitações devido ao incêndio, nos dois concelhos, disse hoje à Lusa fonte da Secretaria Regional de Saúde e Proteção Civil da Madeira.
De acordo com o último balanço divulgado pelo Serviço Regional de Proteção Civil, às 08h30, estavam ativas três frentes, nas áreas do Curral das Freiras e Fajã das Galinhas, no concelho de Câmara de Lobos, e na Serra de Água, no município contíguo a oeste, Ribeira Brava.
Os incêndios estão a ser combatidos por 120 operacionais de todos os corpos de bombeiros da região, apoiados por 43 veículos e o meio aéreo que já iniciou as operações, sendo que a região conta a partir de hoje com o apoio dos 76 elementos da força conjunta da Autoridade Nacional de Emergência e Proteção Civil.
O Plano Regional de Emergência de Proteção Civil da Região Autónoma da Madeira (PREPCRAM) foi ativado para responder "à gravidade da situação vivenciada".
[Notícia atualizada às 14h10]
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