"Às 21h00 do dia 20 de agosto, o foco mais preocupante mantém-se no Curral das Freiras, onde o fogo está a avançar em direção à Boaventura, concelho de São Vincente", indica o Serviço Regional de Proteção Civil (SRPC), num comunicado com o ponto de situação do incêndio que deflagrou há sete dias na ilha da Madeira.
Na nota, o SRPC indica que nos "teatros de operações" do Curral das Freiras, no concelho de Câmara de Lobos, e no Paul da Serra/Lombada, no município da Ponta do Sol, estão 100 operacionais, apoiados por 20 veículos. O meio aéreo esteve também a operar durante o dia.
No Paul da Serra, especifica a proteção civil, o incêndio desceu para a ribeira da Ponta do Sol, "longe de zona habitacional", sendo que o foco está "numa área de difícil acesso, com os meios e operacionais localizados estrategicamente para conter a sua propagação".
Já o foco de incêndio que estava ativo ao início do dia na Encumeada, no concelho de Ribeira Brava, está circunscrito, mantendo-se no terreno uma equipa "a fazer vigilância ativa".
O incêndio rural na Madeira deflagrou na quarta-feira nas serras da Ribeira Brava, propagando-se no dia seguinte ao concelho de Câmara de Lobos, e, já no fim de semana, ao município da Ponta do Sol.
Em declarações à Lusa pelas 22h00, o presidente do Serviço Regional de Proteção Civil, António Nunes, assinalou que o Curral das Freiras "é realmente o cenário mais complicado e aquele que motiva maiores preocupações", porque teve um reacendimento e o fogo propagou-se para as zonas altas da cordilheira central da ilha da Madeira.
Na zona da Boaventura, inclusive, o fogo transpôs o cume e "está a deslocar-se lateralmente em direção ao Pico Ruivo e ao Pico do Areeiro", acrescentou.
"Isto apresenta as preocupações inerentes, porque nós não sabemos durante a noite o que vai acontecer, se o vento vai arrastar o incêndio lateralmente ou se o fará descer a encosta por ação do tempo frio que fará durante a noite e dos ventos que se geram nessas alturas", disse António Nunes.
Se o fogo "descer pelo lado direito do vale do Curral das Freiras chegará ou poderá aproximar-se das moradias, das casas, que estão naquela zona mais a norte que é a Fajã dos Cardos", referiu, explicando que, por esse motivo, alguns meios já estão aí posicionados para "fazer face a alguma eventualidade".
Outra preocupação das autoridades, continuou o responsável, é a "frente com dois flancos na zona da Ponta do Sol, na Ribeira da Tábua, que está a descer e que apresenta algumas questões também relacionadas com as inacessibilidade que inviabilizam qualquer combate com meios apeados ou com viaturas".
O presidente do Serviço Regional de Proteção Civil assegurou, contudo, que não há "qualquer casa em perigo", nem nas proximidades do fogo, quer no Curral da Freiras, que na Ponta do Sol.
Na nota, o SRPC adianta também que hoje registaram-se "três ocorrências envolvendo bombeiros, dois dos Açores e um do continente, que apresentaram sintomas relacionados com mal-estar e indisposição".
Os três bombeiros receberam assistência no local, tendo dois deles sido depois encaminhados pela equipa de saúde do Instituto Nacional de Emergência Médica (INEM) para o Hospital Dr. Nélio Mendonça, no Funchal, segundo a proteção civil da Madeira.
Na segunda-feira, uma bombeira já tinha recebido assistência hospitalar por exaustão, não havendo mais feridos.
Relativamente a danos materiais, o SRPC reitera que "não há habitações consumidas", nem há registos de destruição de infraestruturas essenciais.
Também em comunicado, enviado ao final da tarde de hoje, o Serviço Regional de Saúde informou que "estão assegurados todos os cuidados de saúde aos utentes afetados pelo incêndio", recordando que o centro de saúde do Curral das Freiras está em funcionamento ininterruptamente desde sábado.
Entretanto, o presidente do Governo Regional, Miguel Albuquerque, que estava no Porto Santo de férias, regressa hoje à noite à ilha da Madeira para participar na sessão solene do Dia da Cidade do Funchal, que decorre na quarta-feira, de acordo com uma nota enviada pelo seu gabinete. O governante esteve na ilha da Madeira no fim de semana, para acompanhar as operações de combate ao incêndio, e regressou depois ao Porto Santo.
Nestes sete dias, as autoridades deram indicação a perto de 200 pessoas para saírem das suas habitações por precaução e disponibilizaram equipamentos públicos de acolhimento, mas muitos moradores já regressaram, à exceção da Fajã das Galinhas, em Câmara de Lobos, e da Furna, na Ribeira Brava.
[Notícia atualizada às 22h57]
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