Augusto M. Seabra. O seu trabalho é "referência essencial em Portugal"
A ministra da Cultura expressou "profundo pesar" pela morte do programador e crítico cultural Augusto M. Seabra, hoje aos 69 anos, classificando o trabalho do também jornalista como "uma referência essencial em Portugal".
© Dalila Rodrigues/ Facebook
País Óbito
Num comunicado hoje divulgado pelo Ministério da Cultura, Dalila Rodrigues destacou que "a qualidade e a profundidade dos conhecimentos" de Augusto M. Seabra "e do seu pensamento crítico sobre a cultura, entendida em todas as suas dimensões, refletem-se nos textos que ao longo das últimas décadas publicou na imprensa".
"Reconhecido especialista na crítica de música, cinema e teatro, Augusto M. Seabra era um respeitado programador. Júri de diversos prémios e mentor para uma vasta geração de críticos e jornalistas, deixou o seu legado, também, enquanto fundador e jornalista do Jornal Público", recordou a ministra.
Augusto M. Seabra morreu na madrugada de hoje, em Lisboa, aos 69 anos, vítima de várias complicações prolongadas de saúde, disse à agência Lusa fonte próxima da família.
Nascido a 09 de agosto de 1955, Augusto Manuel Seabra, formado em Sociologia, dedicou-se à crítica de música a partir de 1977 e também no cinema, tendo desenvolvido atividade em vários periódicos, nos quais foi colunista, além de se dedicar à programação.
Foi produtor executivo do Departamento de Programas Musicais da RTP e colaborador na conceção de espetáculos de teatro musical.
Crítico de artes com intervenção em várias outras áreas, Augusto M. Seabra "deixou marca indelével no espaço da crítica das artes em Portugal ao longo do último meio século, em particular da música e no cinema", segundo uma nota biográfica inscrita no 'site' da Cinemateca Portuguesa, entidade onde foi colaborador e à qual deixou a componente de cinema do seu espólio pessoal.
Em 2021, Augusto M. Seabra doou o acervo pessoal, entre livros, discos, DVD, periódicos, e outros documentos, a sete entidades públicas, além da Cinemateca Portuguesa, também a Universidade do Porto, a Rede de Bibliotecas de Lisboa, a Biblioteca Nacional de Portugal e a biblioteca da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa.
A Escola Superior de Música de Lisboa, a Escola das Artes da Universidade Católica Portuguesa, no Porto, e a Faculdade de Belas Artes da Universidade do Porto também foram beneficiárias desta doação do programador.
Augusto M. Seabra escreveu com regularidade desde o final dos anos 1970 para jornais como A Luta e o semanário Expresso, tendo ainda participado como júri de vários festivais internacionais de cinema, nomeadamente de Cannes e de San Sebastian, de Turim, Salónica e Taipé.
Foi programador do festival DocLisboa e consultor do Script Fund, do antigo programa Media da União Europeia.
Com José Nascimento, Augusto M. Seabra assinou o documentário "Manoel de Oliveira: 50 Anos de Carreira", abordagem pioneira do trabalho do cineasta, datada de 1981.
No exercício da crítica, em anos recentes, Augusto M. Seabra chegou a ser processado em tribunal e absolvido em 2007, por ter chamado "energúmeno" a Rui Rio, então presidente da câmara do Porto, devido a uma polémica em torno da Casa da Música.
Em 2016, o então ministro da Cultura João Soares prometeu-lhe "salutares bofetadas" - a Augusto M. Seabra e também a Vasco Pulido Valente - por artigos de opinião com críticas à linha de ação política da cultura. João Soares apresentaria a demissão do cargo dias depois da polémica.
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