Em declarações à agência Lusa, Guilherme Almeida, comandante dos bombeiros voluntários de Nelas, disse que a situação está "bastante mais calma".
"Houve algumas reativações quando o vento estava mais evidente, mas agora está tudo mais calmo. Só nos preocupa uma frente do lado de Mangualde, quando o vento rodou. [O fogo] foi daqui para Mangualde, de Mangualde está a voltar para cá, e pode entrar aqui em Nelas numa área que ainda não ardeu e que tem habitações", explicou.
"Mas até pode vir bater numa zona que já ardeu", acrescentou.
Segundo Guilherme Almeida, o incêndio de Nelas, que se estendeu a Carregal do Sal, contava às 21:10 de hoje com um total de 315 operacionais apoiados por 88 viaturas, tendo as equipas de combate "exaustas", após mais de 32 horas de trabalho no terreno.
"Os meios já são escassos, dada a dimensão dos incêndios, e não os conseguimos render como gostaríamos. E depois há mais probabilidade de ocorrerem acidentes e situações mais críticas", argumentou o comandante.
No entanto, não existindo praticamente vento no município de Nelas e com a temperatura mais baixa, o comandante dos bombeiros disse existir, à partida, na noite de hoje, "uma situação mais favorável para o combate", manifestando-se "esperançoso" que seja possível dominar as chamas.
Por outro lado, os bombeiros vão tentar consolidar os trabalhos de rescaldo e de vigilância a eventuais reacendimentos, na área atingida pelo incêndio que, segundo dados do sistema europeu Copernicus, consultados pela Lusa, já queimou mais de 5.000 hectares de mato e de floresta em Nelas e Carregal do Sal.
"O combate foi uma estratégia reativa, com prioridade a habitações, bens e pessoas e reativações, ainda assim têm-se conseguido controlar", vincou Guilherme Almeida.
Já sobre a evacuação de habituações em Nelas, o comandante dos bombeiros disse que a estratégia passou por manter as pessoas seguras nas suas casas, frisando ainda que uma unidade hoteleira de alguma dimensão em Caldas de Felgueiras não chegou a ser evacuada.
Em Carregal do Sal o combate às chamas mantém-se em redor de povoações como Pardieiros, Sobral ou Cabanas de Viriato, entre outras e em toda a orla do rio Mondego virada a Tábua e Oliveira do Hospital, no distrito de Coimbra.
"A situação está longe de estar resolvida, ainda estamos a combater. Não há a lamentar vítimas, não há casas ardidas, mas vamos ter muito trabalho nos próximos dias", disse à Lusa Filipe Lopes, comandante dos bombeiros voluntários de Carregal do Sal.
Segundo o comandante, nos últimos dois dias o fogo "bem o que bem entendeu e andou por onde quis", levando os bombeiros "a correr atrás dele" e a concentrarem esforços na defesa de pessoas e bens, tendo as chamas e o vento forte por inimigos.
"Costumo dizer que nunca pensava viver uma situação idêntica duas vezes na minha vida [após os incêndios de outubro de 2017] e voltou a acontecer", lamentou.
Na manhã de hoje o incêndio chegou a Tábua, após ter galgado o rio Mondego vindo de Carregal do Sal, tendo provocado a morte de três bombeiros -- duas mulheres e um homem -- da corporação de Vila Nova de Oliveirinha, quando combatiam as chamas.
Ricardo Cruz, presidente do município de Tábua, disse à Lusa que a situação mais preocupante estava, ao início da noite de hoje, junto à localidade de Vila de Mato, na freguesia de Midões, um dos dois locais onde as chamas irromperam vindas da margem direita do Mondego.
Pelas 21:20 o incêndio em Tábua estava a ser combatido por 250 bombeiros apoiados por 83 viaturas.
Em Oliveira do Hospital, duas projeções provenientes dos incêndios de Nelas e de Carregal do Sal provocaram ignições com alguma dimensão, durante a tarde de hoje, mas foram resolvidas pelos bombeiros, cuja estratégia passou por antecipar eventuais problemas.
"Estivemos a fazer prevenção todo o dia, a acautelar projeções. No final do dia houve duas projeções, uma a norte e outra a sul do incêndio de Nelas e ambas foram debeladas. A projeção a sul com mais dificuldade, a norte, na povoação de Seixas, foi rapidamente debelada", disse à Lusa o comandante de operações de socorro António Pinto, comandante dos bombeiros de Lagares da Beira.
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