"Aquele discurso que por aí vai passando, aqui ou acolá, mina a relação de confiança que nós conquistamos e que temos vindo a manter sempre com os utentes e com os familiares ou cuidadores responsáveis", disse Luís Coelho, diretor-geral da Associação Living Care, uma instituição particular de solidariedade social constituída em 2015 que gere três unidades para idosos na Madeira, situadas no Funchal, Santa Cruz e Câmara de Lobos.
O responsável falava em conferência de imprensa, nas instalações do Lar da Bela Vista, na qual foi apresentado o "Plano de Cuidados em Saúde e resultados obtidos nas Unidades Living Care", cuja capacidade total é de 501 camas.
"O plano é muito bem organizado, muito bem concebido, muito consistente, avaliado, reavaliado, alterado sempre que é necessário, porque tem ferramentas de adequação permanente às necessidades de cada utente", explicou.
O Lar da Bela Vista, no entanto, tem sido alvo de várias críticas e denúncias públicas relacionadas com alegadas condições deficientes de funcionamento e assistência aos utentes, sobretudo desde que a gestão transitou da esfera pública para o setor privado, em 2023.
Na segunda-feira, a comissão especializada de Inclusão Social e Juventude da Assembleia Legislativa da Madeira aprovou a audição parlamentar à secretária regional de Inclusão e Juventude e à direção do Lar da Bela Vista, com base num requerimento apresentado pelo PS, o maior partido da oposição madeirense.
A audição à governante Ana Sousa e aos responsáveis do estabelecimento foi aprovada com os votos a favor de PS, JPP e PAN e contou com a abstenção do PSD, sendo que o objetivo é abordar o acordo que existe com a Segurança Social e com a Associação Living Care.
Hoje, em declarações aos jornalistas, o diretor-geral da Associação Living Care refutou as denúncias e críticas sobre alegadas falhas de funcionamento no Lar da Bela Vista, que tem capacidade para 180 utentes.
"Não correspondem à realidade", afirmou, sublinhando que a Living Care trabalha com "muito profissionalismo" e presta um serviço de qualidade nas três unidades que gere, incluindo, entre outros, cuidados médicos, enfermagem, fisioterapia, psicologia, nutrição, terapia ocupacional, apoio social, animação sociocultural, vigilância e segurança dos utentes, prescrição e administração de fármacos.
Luís Coelho disse, por outro lado, que as críticas contrariam os resultados de avaliações de entidades externas que aferem a qualidade do serviço.
O Lar da Bela Vista, na zona leste do Funchal, foi construído na década de 70 para ser uma unidade hoteleira, mas nunca funcionou como hotel e acabou por ser adaptado para se tornar um lar de idosos com gestão pública.
Em julho de 2023, o Governo Regional transmitiu o imóvel, que apresenta sinais de degradação, e a sua gestão para a Associação Living Care, que entretanto já avançou com um projeto de reabilitação, orçado em 20 milhões de euros, ao abrigo do Programa de Recuperação e Resiliência.
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