Orfeu Negro estreia-se na edição de ficção com duas de Conceição Evaristo

A editora Orfeu Negro, especializada na publicação de ensaios, vai estrear-se no mercado da ficção com o lançamento de duas obras da escritora afro-brasileira Conceição Evaristo, uma das autoras contemporâneas mais influentes do Brasil, ainda inédita em Portugal.

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Lusa
19/09/2024 14:43 ‧ 19/09/2024 por Lusa

Cultura

Orfeu Negro

"Canção para ninar menino grande" e "Olhos d'água" são os primeiros títulos da nova série de ficção, com lançamento marcado para dia 12 de outubro no FOLIO -- Festival Literário Internacional de Óbidos, anunciou hoje a Edições Orfeu Negro.

 

As duas obras são lançadas em simultâneo, com a presença da autora, que estará à conversa com a poeta e historiadora angolana Ana Paula Tavares, numa sessão apresentada e moderada pela escritora e ativista Gisela Casimiro.

Conceição Evaristo, de 77 anos, linguista e escritora, ex-docente universitária e investigadora, é um dos nomes literários mais influentes do movimento pós-modernista no Brasil, dedicando-se aos géneros da poesia, romance, conto e ensaio.

A discriminação racial, de género e de classe são temas transversais a toda a sua obra e Conceição Evaristo tem participado ativamente na valorização da mulher negra, da diversidade e da cultura afro-brasileira.

Em 2018, foi distinguida com o Prémio Governo de Minas Gerais de Literatura pelo conjunto da sua obra, em 2019, recebeu o Prémio Jabuti como personalidade literária e, em 2023, o Prémio Intelectual do Ano, atribuído pela União Brasileira de Escritores.

Segundo a editora, os primeiros dois títulos a entrar no catálogo "são um mergulho fundo na escrevivência de Conceição Evaristo".

"Olhos d'água", obra vencedora do Prémio Jabuti, reúne quinze contos que atravessam a pobreza e a violência urbana, convocando os dilemas sociais e existenciais das comunidades afro-brasileiras.

Em "Olhos d'Àgua" estão presentes mães, filhas, avós, amantes, homens e mulheres - todos evocados nos seus vínculos e dilemas sociais, sexuais, existenciais, numa pluralidade e vulnerabilidade que constituem a condição humana.

Em "Canção para ninar menino grande", o seu mais recente romance, Conceição Evaristo entra no território da masculinidade expondo as suas contradições e complexidades, e fazendo dele uma canção para mulheres livres.

Trata-se de um mosaico de experiências negras, narradas através das infelicidades amorosas de Fio Jasmim, um homem negro, trabalhador ferroviário, que se envolve com várias mulheres, nelas deixando algum tipo de marca.

As ilustrações de capa destas edições da Orfeu Negro têm a assinatura de Catarina Bessell ("Olhos d'Água") e Susa Monteiro ("Canção para ninar menino grande").

A publicação destes livros inaugura uma coleção que representa uma deriva na linha editorial da Orfeu Negro, que há 17 anos se dedica a publicar ensaios e outros trabalhos documentais.

As temáticas giram em torno das artes contemporâneas, dos estudos de género, da teoria 'queer', do feminismo e da crítica decolonial, sendo no cruzamento destes vários territórios que se desenha o seu programa.

Após a sessão de lançamento das suas obras, no FOLIO, Conceição Evaristo vai orientar uma 'masterclass' intitulada "Escrevivência: Espelhos e imagens ancestrais", no dia 13, e apresentar trabalhos inéditos e escritos eróticos no Sarau de Poesia Erótica, no dia 14.

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