Depois dos quatros grandes incêndios que atingiram na semana passado o concelho, esta semana fazem-se trabalhos de prevenção por causa da previsão de chuva persistente que colocou o distrito de Vila Real sob aviso laranja na quarta e quinta-feira.
A presidente da Câmara de Vila Pouca de Aguiar, Ana Rita Dias, disse hoje à agência Lusa que, desde segunda-feira, estão no terreno elementos do Instituto de Conservação da Natureza e Florestas (ICNF) a proceder à estabilização das zonas mais perigosas que foram afetadas pelos incêndios, para prevenir, agora, a ocorrência de derrocadas ou deslizamentos de terras.
"Estão a fazer a parte de prevenção com a criação de alguns meios de suporte de lamas. Nós também estamos a fazer essa prevenção, a Proteção Civil Municipal já está no terreno para ver se poderá haver alguma ocorrência e já avisámos as pessoas para estarem atentas porque poderá haver esta descida de lamas e derrocadas", referiu.
As atenções estão centradas nos locais de encostas mais íngremes que ficaram despidas de vegetação após a passagem do fogo como, por exemplo, a zona de Telões.
"Pontos onde há mais inclinação são aqueles que estão a ser alvo de mais atenção e onde está a atuar mais", acrescentou Ana Rita Dias.
Mas já desde sexta-feira que o município e as juntas de freguesia das áreas afetadas procedem à limpeza de caminhos e de sarjetas de drenagem para facilitar o escoamento de águas em caso de chuva, havendo ainda preocupações com os pontos de abastecimentos de água, como reservatórios e nascentes.
A autarca disse ainda que as atividades complementares da tradicional Feira das Cebolas, que decorre entre hoje e quarta-feira, foram canceladas precisamente por causa das previsões de chuva forte, designadamente as corridas de cavalos e de burros, e a chega de bois.
A feira centenária far-se-á apenas com a venda de cebolas e as tasquinhas numa tenda montada para o efeito.
O alerta para o primeiro incêndio em Vila Pouca de Aguiar foi dado pelas 07:30 do dia 16 de setembro, em Bornes de Aguiar, e a situação foi-se agravando ao longo desse dia, com mais três fogos em Telões, Vreia de Jales e Sabroso de Aguiar, o último dos fogos a ser dominado na quinta-feira à noite.
Um balanço provisório aponta para 10 mil hectares de área ardida, cinco casas ardidas (uma permanente, uma usada e três devolutas), três armazéns agrícolas, um armazém industrial, depósitos de água, e várias culturas agrícolas atingidas (soutos, avelaneiras, vinhas e olivais).
Depois dos incêndios, o Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA) indicou que os distritos de Viseu, Vila Real e Aveiro vão estar sob aviso laranja entre as 06:00 e as 12:00 de quinta-feira e os distritos do Porto, Viana do Castelo e Braga entre as 18:00 de quarta-feira e as 09:00 de quinta-feira.
Na sequência da previsão do IPMA, a Autoridade Nacional de Emergência e Proteção Civil (ANEPC) alertou a população para o risco de cheias, derrocadas, deslizamentos e queda de estruturas e árvores.
A ANEPC recomendou a "adoção de comportamentos adequados", como a desobstrução de sistemas de escoamento das águas pluviais, a correta fixação de estruturas soltas, como andaimes e painéis, e a condução defensiva nas estradas, reduzindo a velocidade e tendo "especial cuidado na circulação e permanência junto de áreas arborizadas".
Em particular, nas zonas recentemente atingidas por incêndios florestais, que queimaram vegetação e cobriram o solo de cinzas, a ANEPC salientou o risco de deslizamentos, derrocadas e contaminação de fontes de água potável.
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