O atendimento às grávidas nos hospitais da região de Lisboa vai deixar de ter a porta das urgências obstétricas aberta.
A medida foi avançada pelo presidente da Comissão Nacional da Saúde da Mulher, da Criança e do Adolescente ao Expresso, que indica que a estratégia já está a ser preparada por peritos, nomeados pelo Governo, em diálogo com diretores de obstetrícia e deve avançar dentro de três semanas.
O atendimento às grávidas passa a ser sempre referenciado, através de encaminhamento médico, via telefónica ou por emergência pré-hospitalar e vai ser ainda colocada uma campainha à entrada destes serviços para quem chega em situação de S.O.S à Urgência e que não tenha sido previamente avaliado.
“A medida será primeiro para a região de Lisboa, mas vai ser para todos os hospitais. E até fará sentido que seja em simultâneo”, refere Alberto Caldas Afonso, que indica, ainda, que estão a ser recolhidos contributos dos responsáveis hospitalares para finalizar o documento “para levar à ministra da Saúde, que o vai também querer partilhar com o primeiro-ministro”.
Ana Paula Martins já tinha expressado preocupação, a 4 de setembro, com o “número de bebés nascidos em ambulâncias”, mas disse que a situação “não deve acontecer” no próximo verão, apesar de admitir que “haverá sempre bebés a nascer em ambulância”, mas serão “apenas em casos excecionais”.
“Agora preferem que as grávidas deem à luz numa ambulância em vez de num hospital” reiterou, em agosto, o presidente da Liga dos Bombeiros, António Nunes, ao Notícias ao Minuto, e afirmou, ainda, que a situação deixa as grávidas numa situação delicada e os bombeiros sob uma “pressão muito grande”.
Com estas novas medidas, Alberto Caldas Afonso diz que a expectativa é de retirar cerca de 40% das admissões nas urgências, mas afirma ainda que “poderá ser necessário criar uma urgência partilhada, metropolitana ou regional, porque é sempre problemático um hospital perder um serviço”, na Península de Setúbal e em Leiria.
Na fase experimental, durante três meses, a grávida tem de contactar a linha SNS Grávida que a encaminhará para autocuidados, consulta marcada até 72 horas nos cuidados primários ou no hospital da área de residência ou a chamada transferida para um enfermeiro especialista em saúde materna e obstétrica (EESMO) no hospital da zona de residência. Caso se dirija ao hospital por iniciativa própria, a grávida deve tocar a uma campainha onde será recebida por um EESMO que decidirá se esta deve ser atendida ou se será encaminhada para uma consulta mais tarde.
Para além desta estratégia, está ainda a ser avaliado o pagamento de incentivos às equipas obstétricas.
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