Em declarações à Lusa durante a manifestação que hoje decorreu na cidade do Porto, a porta-voz do movimento Porta a Porta, Raquel Ferreira, sintetizou que a luta na rua é pelo "direito à habitação".
"Estamos a reivindicar o direito à habitação. Uma habitação digna e que realmente nós consigamos pagar. É essa a nossa maior luta. É conseguirmos que toda a gente tenha direito à sua habitação, que consiga pagar com os salários que temos. Aliás, o salário devia ser aumentando e os juros do crédito à habitação deveriam descer".
"A habitação é um direito, sem ela nada feito" é uma das palavras de ordem que Raquel Ferreira destacou. Mas muitas outras foram gritadas ao longo da tarde, como por exemplo: "Casa é par morar, não é para especular", "Umas paredes e um teto. É só isso que eu peço", "Estamos fartos de escolher. Pagar a renda ou comer", "Famílias despejadas, não são invisíveis, queremos rendas reguladas e casas acessíveis" ou "Porta a Porta. Direito à habitação. Que se cumpra a Constituição".
O movimento Porta a Porta exige que se baixa e regule o valor das rendas e que se estabilize os contratos de "arrendamento com um período mínimo de 10 anos", lê-se num panfleto distribuído durante a manifestação no Porto.
"Baixar as prestações bancárias, com os lucros da banca a pagar as altas taxas de juro. Pôr fim aos despejos, às desocupações e às demolições que não tenham alternativa de habitação digna. Ter como prioridade a habitação em vez do turismo e a especulação imobiliária, mobilizar os devolutos para a oferta pública de habitação e investir na disponibilização pública são outras das exigências do Porta a Porta.
Segundo o movimento "é hora de lutar" e de fazer "ouvir a nossa voz".
"Isto não pode continuar assim", lê-se no mesmo panfleto distribuído na Praça da Batalha, no Porto, que tinha o ´QR code´ (gerador de código), para se poder assinar a petição da Porta a Porta pelo direito à habitação em Portugal.
Em pouco mais de um ano, milhares de pessoas saíram à rua em todo o país a exigir casa para viver depois de ser possível ignorar que não tem resposta com a atual política", relembra o movimento
Pelo menos 22 cidades portuguesas mobilizaram-se hoje em manifestações pelo direito à habitação numa iniciativa organizada pela plataforma Casa para viver. Lisboa, Porto, Almada, Braga, Guimarães, Aveiro, Faro, Portimão, Lagos, Leiria, Santarém, Coimbra, Viseu, Funchal, Ponta Delgada, Viana do Castelo, Covilhã, Évora, Beja, Vila Nova de Santo André, Guarda e Portalegre são as cidades que acolheram hoje as manifestações pelo direito à habitação.
A última manifestação pelo direito à habitação, a 27 de janeiro, mobilizou 19 cidades.
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