Nicolás Maduro antecipou, por decreto presidencial, a época natalícia para 1 de outubro, na Venezuela, de forma a dar um impulso à contraída economia no país. No entanto, a medida não é unânime.
Apesar das ruas 'vestidas' a rigor, com luzes e enfeites de Natal, o espírito festivo parece não ter abrangido a população.
Dezenas de reformados manifestaram-se em frente à sede da ONU, na Venezuela, a pedir que o órgão intervenha junto ao governo.
À Agência France-Presse (AFP), a advogada Urimare Capote, de 62 anos, revela que a sua reforma, há cerca de dois anos, é de 3,50 dólares mensais, cerca de 3,16 euros.
"Quem consegue viver com esse valor?", questiona a mulher, que é também representante do Comitê de Defesa de dos Aposentados e Pensionistas na Venezuela, onde o cabaz alimentar básico ultrapassa, neste momento, 500 dólares, qualquer coisa como 451 euros.
"O Natal acabou há alguns anos", realça, perante tais valores.
Eduardo Martínez, professor de 71 anos defende que o decreto presidencial não passa de uma "piada miserável do presidente" Maduro. "Não temos dinheiro nem para comprar leite e vamos ter para comprar coisas para o Natal?", questionou o reformado.
Nicolás Maduro insiste que a precariedade dos salários na Venezuela é consequência das sanções dos EUA contra o país. Porém, os analistas atribuem a 'culpa' a anos de medidas económicas erradas, que destruíram a moeda local e colocaram o país numa profunda recessão.
Mas, em fotografias partilhadas nas redes sociais e pelas várias agências, como a Reuters, é possível ver as ruas de Caracas enfeitadas e presépios e árvores de Natal à venda. Em alguns casos, a mercadoria mistura-se mesmo com a do Halloween, uma festa que muitos venezuelanos adotaram e que se tornou muito popular no país.
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