Em entrevista à SIC, Luís Montenegro anunciou que a proposta de Orçamento do Estado para 2025 “está fechada” e a versão final será aprovada na quarta-feira em Conselho de Ministros, com um entendimento com o PS sobre o IRS jovem, mas não no IRC, remetendo para os socialistas a decisão de viabilizar ou não o documento.
Ainda assim, o primeiro-ministro manifestou-se convicto de que a proposta orçamental do Governo, que será entregue no parlamento na quinta-feira, será aprovada pela Assembleia da República.
“A minha convicção plena é que vai ser viabilizada. Vamos ter Orçamento do Estado para 2025. E vamos ter um Orçamento do Estado equilibrado”, disse.
O primeiro-ministro considerou que o documento não fica diminuído “com as cedências ao PS” e admitiu até que a solução final obtida para o IRS jovem “é mais equilibrada” do que a inicial.
“Não me custa nada reconhecer”, afirmou.
Questionado sobre a posição do Chega, caso o PS opte por votar contra, Montenegro respondeu que os deputados do partido liderado por André Ventura farão “aquilo que entenderem”.
“A questão diferente é haver qualquer negociação entre o Governo e o Chega, porque isso está afastado de todo. Isso não vai acontecer, não é possível haver um diálogo produtivo com quem muda de opinião tantas vezes, com quem se transformou num catavento nesta discussão do Orçamento do Estado e, portanto, não se apresentou à altura sequer de poder negociar com o Governo”, afirmou.
Questionado se, mesmo sem negociação, o Chega viabilizar o documento, Montenegro respondeu: “Eu sou franco, se eventualmente acontecesse essa possibilidade, isso não incomodaria minimamente o Governo. O Governo precisa do Orçamento para poder executar o seu programa”, disse, embora acrescentando que “ficava à mostra um jogo” que ninguém compreendeu.
Luís Montenegro aproveitou a entrevista à SIC, conduzida por Maria João Avillez, para assegurar que, quando deixar de ser primeiro-ministro, não pretende continuar na vida política.
“Aquilo que estou a fazer será o meu último contributo na política, eu não quero fazer mais nada, eu estou aqui com um desprendimento total e eu quero que o país saiba isto, eu a seguir a ser primeiro-ministro não serei mais nada na política”, disse, autointitulando-se como “um transformador” e “um político de alto a baixo”, por oposição a um técnico ou tecnocrata.
Questionado se é possível fazer as reformas que pretende com um parlamento tão fragmentado como o atual, Montenegro respondeu que no sistema político português “nem tudo depende do parlamento”.
“O governo governa, o governo tem uma área de intervenção e decisão muito alargada e é isso que eu vou fazer. Eu respeito muito os outros órgãos de soberania, em particular a Assembleia da República, (…) mas eu não governo a pensar no parlamento, eu não governo a pensar naquilo que os partidos no parlamento possam dizer das minhas decisões, eu governo a pensar nas pessoas”, afirmou.
O primeiro-ministro considerou que essa é a expectativa dos que votarem na AD nas anteriores eleições e defendeu que, conforme os resultados da governação, poderão retirar ou reforçar o seu voto em próximos sufrágios, que espera serem apenas em 2028.
“O eleitorado é muito inteligente. Eu penso que o país está a perceber o seu Governo e está a perceber o primeiro-ministro que tem”, disse.
[Notícia atualizada às 22h45]
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