BES/GES. Justiça tem de "atribuir a cada um aquilo que é seu"
A defesa dos lesados do BES afirmou hoje que a justiça portuguesa tem de "atribuir a cada um aquilo que é seu", lembrando que há "muita gente a precisar de dinheiro, porque não tem forma de subsistir".
© Horacio Villalobos#Corbis/Corbis via Getty Images
País BES/GES
"A justiça portuguesa tem que inovar e tem que fazer como os outros ordenamentos jurídicos. Tem que [...] atribuir a cada um aquilo que é seu", disse Nuno Silva Vieira à porta do tribunal, no Campus de Justiça, em Lisboa, onde hoje começou o julgamento do maior processo do Universo Espírito Santo.
O advogado que representa cerca de 2.000 lesados explicou que, ao nível de danos patrimoniais, a média das perdas ronda os 200 mil euros.
"A média das 2.000 ronda os 200 mil euros, valores que foram depositados no Banco Espírito Santo e que perderam, e estamos a falar de pessoas doentes. Ainda há pouco estiveram pessoas doentes, pessoas que já estão a falar com os netos para continuarem neste processo e querem simplesmente receber aquilo que lhes pertence, aquilo que lhes foi tirado", referiu.
Aos jornalistas, Nuno Silva Vieira considerou que "poderia ter havido reparações provisórias".
"Temos muita gente a precisar de dinheiro, porque não tem forma de subsistir. Há pessoas, nomeadamente na Venezuela, que eu represento, que nem sequer têm dinheiro para uma representação jurídica, quanto mais para uma habilitação de herdeiros quando alguém morre. Não é nada demagógico da minha parte. São factos que temos que encarar", sublinhou.
O antigo presidente do BES, Ricardo Salgado, é o principal arguido do caso BES/GES e responde em tribunal por 62 crimes, alegadamente praticados entre 2009 e 2014.
Entre os crimes imputados contam-se um de associação criminosa, 12 de corrupção ativa no setor privado, 29 de burla qualificada, cinco de infidelidade, um de manipulação de mercado, sete de branqueamento de capitais e sete de falsificação de documentos.
Além de Ricardo Salgado, estão também em julgamento outros 17 arguidos, nomeadamente Amílcar Morais Pires, Manuel Espírito Santo Silva, Isabel Almeida, Machado da Cruz, António Soares, Paulo Ferreira, Pedro Almeida Costa, Cláudia Boal Faria, Nuno Escudeiro, João Martins Pereira, Etienne Cadosch, Michel Creton, Pedro Serra e Pedro Pinto, bem como as sociedades Rio Forte Investments, Espírito Santo Irmãos, SGPS e Eurofin.
Segundo o Ministério Público, a derrocada do GES terá causado prejuízos superiores a 11,8 mil milhões de euros.
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