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BES/GES? "Carlos Costa assobiou para o lado e não quis saber de nada"

O ex-presidente do Banco Espírito Santo Investimento (BESI), José Maria Ricciardi, criticou hoje o ex-governador do Banco de Portugal (BdP), Carlos Costa, pela primeira reação às reservas manifestadas contra a governação de Ricardo Salgado no Grupo Espírito Santo (GES).

BES/GES? "Carlos Costa assobiou para o lado e não quis saber de nada"
Notícias ao Minuto

17/10/24 17:35 ‧ Há 2 Horas por Lusa

País Ricciardi

"Disse que eu já tinha feito pessimamente com as declarações nos jornais e que a guerra com o primo [Ricardo Salgado] estava a perturbar o sistema financeiro. E eu disse-lhe se não achava que eu, como administrador, não devia comunicar", afirmou o antigo membro do Conselho Superior do GES, acerca de uma conversa com o ex-governador em outubro de 2013.

 

Segundo José Maria Ricciardi "Carlos Costa assobiou para o lado, não quis saber de nada e disse para estar quieto".

Falando como testemunha no terceiro dia do julgamento do processo BES/GES, no Juízo Central Criminal de Lisboa, José Maria Ricciardi já explicou também que em maio de 2014 remeteu ao BdP as provas de falsificação de contas da sociedade ESI (holding para as áreas financeira e não financeira) e que colocariam em causa a sobrevivência do GES.

Nos diversos temas sobre os quais foi questionado pela procuradora do Ministério Público (MP) Carla Dias, o ex-presidente do BESI explicou ainda, no seu entender, as razões pelas quais o BES não aderiu ao processo de recapitalização dos bancos durante o período da 'troika', entre 2011 e 2012.

"Peço desculpa pela linguagem que vou usar no tribunal, mas o Dr. Ricardo Salgado, com os esqueletos que já tinha no armário, não lhe apetecia muito ter dois administradores do Estado no conselho de administração", referiu.

Sobre o BES Angola (BESA), Ricciardi assegurou que nunca acompanhou a atividade do banco liderado por Álvaro Sobrinho, mas lembrou que em outubro de 2013, quando fez o documento no Conselho Superior do GES a propor o afastamento de Ricardo Salgado, já apontava para a necessidade de olhar para as contas do BESA.

"Achava que o BESA estava em roda livre, não tinha qualquer controlo e nós não tínhamos conhecimento aprofundado de nada. Eu não tinha relações nenhumas com o BESA e caí nesta situação extraordinária de agradecer ao Dr. Álvaro Sobrinho o dinheiro que tinha emprestado ao Sporting, quando uma procuradora me disse depois que o agradecimento era excessivo porque o dinheiro não era do Dr. Sobrinho, mas do banco da minha família", admitiu.

Desafiado a expor as razões para a aparente falta de controlo sobre a atividade do BESA, o ex-presidente do BESI apontou o dedo ao Banco Nacional de Angola (BNA) e à consultora KPMG.

"Havia este argumento - que a KPMG também cobria - que o BNA não queria que as carteiras dos clientes dos bancos em Angola fossem do conhecimento das autoridades ou dos administradores do banco da casa mãe. Esse era um argumento apresentado pela KPMG, que também auditava o BESA. Outra coisa que se dizia era que os sistemas informáticos eram completamente separados", disse.

José Maria Ricciardi respondeu às perguntas do MP, mas vai regressar sexta-feira de manhã ao tribunal para continuar a prestar esclarecimentos aos advogados de assistentes e arguidos. Por isso, a reprodução de um depoimento do empresário Pedro Queiroz Pereira (falecido em 2018) poderá já não se realizar na sessão de sexta-feira, conforme estava programado.

O antigo presidente do BES, Ricardo Salgado, é o principal arguido do caso BES/GES e responde em tribunal por 62 crimes, alegadamente praticados entre 2009 e 2014.

Além de Ricardo Salgado, estão também em julgamento outros 17 arguidos, nomeadamente Amílcar Morais Pires, Manuel Espírito Santo Silva, Isabel Almeida, Machado da Cruz, António Soares, Paulo Ferreira, Pedro Almeida Costa, Cláudia Boal Faria, Nuno Escudeiro, João Martins Pereira, Etienne Cadosch, Michel Creton, Pedro Serra e Pedro Pinto, bem como as sociedades Rio Forte Investments, Espírito Santo Irmãos, SGPS e Eurofin.

Segundo o MP, a derrocada do GES terá causado prejuízos superiores a 11,8 mil milhões de euros.

[Notícia atualizada às 19h34]

Leia Também: Ricciardi garante que só teve provas da falsificação de contas em maio de 2014

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