Mulheres Socialistas e JS contra revisão do programa de cidadania

As Mulheres Socialistas e a Juventude Socialista (JS) manifestaram-se, no domingo, contra a revisão do programa da disciplina de Cidadania e Desenvolvimento, anunciada pelo primeiro-ministro, acusando Luís Montenegro de se aproximar da extrema-direita.

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Lusa
21/10/2024 11:42 ‧ 21/10/2024 por Lusa

Política

Partido Socialista

Numa publicação na rede social Facebook, a presidente das Mulheres Socialistas considerou que este anúncio mostra "a deriva e a aproximação à extrema-direita" por parte do atual Governo.

 

Elza Pais antecipou que "o combate à desigualdade de género e à promoção da cidadania" será substituído pela "ideologia de género", referindo que a ciência não reconhece esse conceito.

A deputada socialista referiu-se também a outro ponto do discurso do primeiro-ministro, nomeadamente o anúncio da construção de dois centros de instalação temporária para acolher imigrantes em situação ilegal ou irregular.

"Nas migrações, a visão securitária impõe-se à humanista. Vamos ter centros de detenção para imigrantes ilegais!? Que susto!", escreveu a dirigente do PS, questionando "o que os distingue do Chega?".

Elza Pais garantiu que o PS dirá "'não' a este modelo societário".

Numa nota enviada à comunicação social, a JS desafiou o primeiro-ministro a "identificar que projetos ideológicos encontra no programa" desta disciplina e acusou Luís Montenegro de tentar "governamentalizar os currículos escolares".

"A disciplina de Cidadania e Desenvolvimento é atualmente autonomizada apenas no 2.º e 3.º ciclos e inclui temáticas que têm, todas elas, suporte constitucional, com os direitos humanos, a igualdade de género, a interculturalidade, o desenvolvimento sustentável, a educação ambiental, a saúde, a sexualidade, os media, as instituições e participação democrática e a literacia financeira", defendeu o líder da estrutura que representa os jovens socialistas.

Citado no comunicado, Miguel Costa Matos referiu que os currículos foram revistos recentemente, na "sequência de um amplo diálogo técnico", e considerou que o primeiro-ministro "deve explicações ao país sobre o que acha de ideológico no ensino sobre direitos humanos, ambiente ou saúde".

"A par do discurso securitário e de medo sobre a imigração, esta é uma cedência inacreditável de um PSD outrora moderado à direita radical e populista", defendeu o deputado, acusando o PSD e o Governo de embarcarem num "caminho reacionário e amorfo no que toca à escola pública e aos valores fundamentais de uma sociedade tolerante, informada e livre".

A JS sustentou ainda que a disciplina de Cidadania e Desenvolvimento deve passar a ser autónoma e obrigatória no Ensino Secundário e pediu um reforço da formação específica dos professores.

No encerramento do 42.º Congresso do PSD, que decorreu este fim de semana em Braga, o primeiro-ministro e líder social-democrata anunciou que o Governo vai rever os programas do ensino básico e secundário, incluindo a disciplina de Educação para a Cidadania.

"Vamos reforçar o cultivo dos valores constitucionais e libertar esta disciplina das amarras a projetos ideológicos ou de fação", anunciou Luís Montenegro.

Leia Também: "Hipocrisia" ou "importantes"? As reações às sete medidas de Montenegro

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