"Este problema não é um problema das escolas, mas é um problema dos políticos, dos políticos de esquerda e dos políticos de direita", disse Filinto Lima.
Os diretores preferiam ver "tratados e resolvidos outros problemas", como a escassez de professores ou a revisão da portaria do rácio de funcionários por escola.
"As escolas estão carentes de assistentes operacionais para os alunos com necessidades específicas", exemplificou.
Em declarações à Lusa, o presidente da Andaep afirmou que a posição do primeiro-ministro "tem a ver" com o "tema da sexualidade".
"O primeiro-ministro está bem ciente daquilo que é lecionado nessa disciplina. São conteúdos programáticos muito ligados a princípios da Constituição da República Portuguesa, como por exemplo os direitos humanos, a educação ambiental, os 'media', a saúde, a segurança rodoviária", recordou.
Filinto Lima recordou que o conteúdo da disciplina "causou desde sempre grande constrangimento com o tema sexualidade", o que estará na origem da posição do primeiro-ministro.
De acordo com o diretor, os "partidos políticos, quando formam governo, têm sempre a tentação de mexer" em dois temas que, na opinião dos diretores, "mereceriam a elaboração de um pacto na educação": a avaliação externa e o currículo dos programas.
"Valeria a pena um esforço dos nossos partidos políticos, dos principais, [...] na consensualização destas duas grandes temáticas, por forma a haver alguma previsibilidade e também alguma estabilidade nas escolas", acrescentou.
No encerramento do 42.º Congresso do PSD, que decorreu este fim de semana em Braga, o primeiro-ministro e líder social-democrata anunciou que o Governo vai rever os programas do ensino básico e secundário, incluindo a disciplina de Educação para a Cidadania.
Luís Montenegro disse que o Governo ia "reforçar o cultivo dos valores constitucionais e libertar esta disciplina das amarras a projetos ideológicos ou de fação".
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