"O que passou na Cova da Moura foi aproximar uma chama a um barril de pólvora. Analisando o que se passou por leitura e visualização de imagens, chego a uma conclusão horrível: morreu uma pessoa porque pisou um traço de linha contínua e está no hospital um motorista com graves queimaduras. Isto é o princípio do fim!
Imagens que me fazem recordar os coletes amarelos em Paris e nos EUA pela carga policial.
A relação atual entre cidadãos e polícia é de desconfiança mútua e isso é péssimo para a ordem pública.
Temos que assumir que somos um povo um pouco racista de forma encapotada e com xenofobia dissimulada. Isso é grave e leva-nos a situações como a que aconteceu nos arredores de Lisboa.
Por outro lado, há uma “guetização social” em determinados bairros socias, com enormes desigualdades sociais e falta de respostas no acesso à habitação, nível dos salários e acesso à saúde, que levam a situações de protesto incontroláveis.
As razões de sofrimento e de revolta se não forem tomadas medidas vão recrudescer e multiplicarem-se por muitas outras.
A polícia tem de ter formação e muita pedagogia para lidar com casos deste tipo. Tudo é aproveitado para questionar a sua autoridade.
Um dos líderes dos motins garantiu em entrevista à SIC que a situação tinha saído do controlo e agora estava fora do seu controlo.
Está tudo dito!
Desta vez não vi os governantes a deslocarem-se ao local dos incidentes!
A autoridade e ordem pública devem ser exercidas pela polícia, mas sem exageros desnecessários.
Convém baixar a pressão para que casos destes não voltem a acontecer. A comunidade cabo-verdiana é a terceira maior em Portugal e é preciso ter isso em conta.
Os imigrantes que estão inseridos socialmente e estão por bem, devem sentir que são acarinhados e respeitados em Portugal. Por outro lado, a polícia deve ser respeitada e sentir que está a cumprir com o seu dever.
Um dos maiores desafios deste Governo é integrar os imigrantes, separando o trigo do joio e, ao mesmo tempo, fazendo ver a importância da autoridade policial, com meios e formação especifica.
O futuro da polícia passa pela sua especialização para ações no terreno como aconteceu na Cova da Moura."