"O meu apelo é do retorno à normalidade. Já chega, sinceramente, de uma situação que não abona a favor de ninguém, que destrói equipamento que serve todos os dias as próprias pessoas que praticam estes atos, que assusta populações que querem ter condições para poder educar os seus filhos, ir trabalhar todos os dias, basicamente viver em normalidade", apelou Nuno Melo.
O ministro falava aos jornalistas na cidade da Guarda, à margem da cerimónia de assinatura de um protocolo entre as direções gerais do armamento portuguesa e francesa, para a aquisição de novo equipamento de artilharia para os três ramos das Forças Armadas de Portugal.
Questionado se as forças armadas poderiam intervir, o ministro defendeu que "no que tem que ver com a manutenção da ordem, as forças de segurança têm as competências e os meios para no grau em que lhes seja pedido atuarem" e que "estarão, certamente, à altura das suas circunstâncias em Lisboa e em todo o país".
Aos jornalistas, Nuno Melo destacou ainda prioridade do Governo na Defesa e sublinhou a "inversão do ciclo" registada com entrada de novos candidatos no Exército, Marinha e Força Aérea, já que, desde 2015, Portugal estava a perder militares.
Quando tomou posse, disse, "havia cerca de 22.000 militares", nos três ramos, e, no Exército, em outubro, "já havia mais candidatos que no mês de dezembro do ano passado", mais 300 candidatos.
Na Marinha, continuou, entre saídas e entradas, já há "um saldo positivo, coisa que não acontecia há muito tempo, de perto de 150 militares e, a Força Aérea, conta ter mais candidatos este ano do que nos últimos dois" anos.
"Este é o caminho que se faz. Inverter o ciclo é fundamental, é suposto agora que, aquilo que é a inversão do ciclo, seja confirmado numa tendência sustentável, até se atingir o número de perto de 30.000 militares, que é o número que o poder político considerou necessário para o cumprimento de missões", disse.
Nos últimos dias, a PSP registou na Área Metropolitana de Lisboa mais de 100 ocorrências de distúrbios na via pública e deteve mais de 20 pessoas, registando-se sete feridos, um dos quais com gravidade.
Os tumultos registados desde segunda-feira surgiram após a morte do cidadão cabo-verdiano de 43 anos e morador no Bairro do Zambujal, que foi baleado na madrugada de segunda-feira, no Bairro Cova da Moura, também na Amadora, no distrito de Lisboa.
Segundo a PSP, o homem pôs-se "em fuga" de carro depois de ver uma viatura policial e despistou-se na Cova da Moura, onde, ao ser abordado pelos agentes, "terá resistido à detenção e tentado agredi-los com recurso a arma branca".
A associação SOS Racismo e o movimento Vida Justa contestaram a versão policial e exigiram uma investigação "séria e isenta" para apurar responsabilidades, considerando que está em causa "uma cultura de impunidade" nas polícias.
A Inspeção-Geral da Administração Interna e a PSP abriram inquéritos e o agente que baleou o homem foi constituído arguido.
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