As cerimónias fúnebres começaram pelas 14h00 na igreja da Buraca, com a Celebração da Palavra, tendo no final, a entrada do caixão no carro funerário, sido marcada por gritos de dor, percetíveis à distância pelos jornalistas, a quem membros da família de Odair Moniz pediram para se manterem afastados.
Foi também pedido aos jornalistas para não se posicionarem em linha reta com a Igreja, presumivelmente para que não fossem captadas imagens diretas das pessoas que prestaras as últimas homenagens ao Odair Moniz.
O cortejo fúnebre seguiu depois para o cemitério da Amadora, tendo passado defronte da esquadra da PSP de Alfragide e pelo bairro do Zambujal onde Odair Moniz residia.
À chegada ao cemitério, eram dezenas de pessoas que aguardavam à exterior e no interior pela chegada do féretro.
Quer na igreja da Buraca quer no cemitério não era visível a presença de agentes da PSP.
No cemitério da Amadora os jornalistas foram mantidos à distância, tendo apenas alguns repórteres fotográficos logrado aproximar-se do portão de entrada, mas impedidos por segurança daquele espaço de entrarem.
O funeral de Odair Moniz, baleado pela polícia na segunda-feira, na Amadora, realizou-se ao fim de quase uma semana de desacatos na Área Metropolitana de Lisboa e de duas manifestações na capital.
No sábado, realizaram-se duas manifestações em Lisboa, uma convocada pelo movimento Vida Justa para reclamar justiça pela morte de Odair Moniz, outra marcada pelo Chega "em defesa da polícia", que decorreram de forma "pacífica, em serenidade e com civismo", segundo a PSP.
Odair Moniz, cidadão cabo-verdiano de 43 anos e morador no Bairro do Zambujal, foi baleado na madrugada de segunda-feira, no Bairro Cova da Moura, também na Amadora, no distrito de Lisboa.
Segundo a PSP, o homem pôs-se "em fuga" de carro depois de ver uma viatura policial e despistou-se na Cova da Moura, onde, ao ser abordado pelos agentes, "terá resistido à detenção e tentado agredi-los com recurso a arma branca".
A associação SOS Racismo e o movimento Vida Justa contestaram a versão policial e exigiram uma investigação "séria e isenta" para apurar responsabilidades, considerando que está em causa "uma cultura de impunidade" nas polícias. A Inspeção-Geral da Administração Interna e a PSP abriram inquéritos e o agente que baleou o homem foi constituído arguido.
Esta semana registaram-se tumultos no Zambujal e noutros bairros da Área Metropolitana de Lisboa, onde foram queimados e vandalizados autocarros, automóveis e caixotes do lixo, somando-se cerca de duas dezenas de detidos e outros tantos suspeitos identificados. Sete pessoas ficaram feridas, uma das quais com gravidade.
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