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Petição que pede classificação de obra de José Mário Branco entregue na AR

Um grupo de cidadãos entrega terça-feira na Assembleia da República, em Lisboa, uma petição com quase 5.200 assinaturas solicitando a classificação da obra de José Mário Branco como de interesse nacional.

Petição que pede classificação de obra de José Mário Branco entregue na AR
Notícias ao Minuto

18/11/24 13:44 ‧ Há 1 Hora por Lusa

País José Mário Branco

Um dos promotores da petição, o músico e produtor musical Vítor Sarmento, sublinhou à Lusa o "duplo simbolismo" do dia escolhido, por coincidir com o quinto aniversário da morte do cantautor e por decorrer no ano em que se comemoram os 50 anos do 25 de Abril.

 

José Mário Branco "tem uma obra inexcedível para além da musical", enfatizou Vítor Sarmento, acrescentando que, para os subscritores da petição, "é essencial" a classificação de interesse nacional "à semelhança do que já aconteceu com a obra de José Afonso".

"Para nós, músicos, e outros intervenientes que lançaram a petição há um ano é de muita importância porque reconhecemos, todos nós, na obra de José Mário Branco uma obra essencial para a música portuguesa e sua atualidade", notou Vítor Sarmento.

Várias canções de José Mário Branco "foram e ainda são hinos que fizeram a banda sonora do caminho coletivo até ao 25 de Abril de 1974, e também depois disso", frisou.

A petição será entregue na terça-feira, pelas 11:30, à vice-presidente do parlamento Teresa Morais, depois de os subscritores terem obtido permissão do presidente da Assembleia da República para o fazerem, referiu, acrescentando que será também enviada uma cópia do documento ao Ministério da Cultura, para conhecimento da ministra da tutela.

O grupo que entregará o documento é composto por Vítor Sarmento e mais três subscritores: o fadista Marco Oliveira, a produtora e programadora cultural Lurdes Nobre e o investigador João Carlos Callixto.

A petição pública foi lançada em novembro de 2023, numa ideia que partiu de 39 pessoas ligadas à música portuguesa.

Entre os primeiros peticionários estão os músicos Francisco Fanhais, Gaspar Varela, João Afonso, José Barros, Manuel Freire e Marco Oliveira, o editor Arnaldo Trindade, a cantora Ana Ribeiro, o investigador João Carlos Calixto ou o editor Alain Vachier, que trabalhou com José Mário Branco.

Em declarações à Lusa quando do lançamento da petição, Vítor Sarmento lembrou que "existe felizmente na universidade um trabalho profundo de compilação e de divulgação da obra do Zé Mário". No entanto, os peticionários querem que seja também o Estado a dar um caráter nacional, classificando a obra daquele músico.

"A sua obra é, sem qualquer dúvida, um património cultural português. A classificação desta será um passo importante para o seu conhecimento e preservação, assim como um impulso decisivo para a divulgação futura", lê-se na petição.

José Mário Branco, considerado por especialistas um dos mais importantes nomes da música portuguesa do século XX, em particular desde a década de 1970, morreu aos 77 anos, em 19 de novembro de 2019.

Em 2021, a família do músico assinou um protocolo de cedência de todo o espólio à Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa, para organização e catalogação de centenas de documentos, gravações, fotografias, discos e outros objetos.

Este protocolo tinha como finalidade dar seguimento ao trabalho que José Mário Branco tinha encetado anos antes com o Instituto de Etnomusicologia - Centro de Estudos em Música e Dança (INET-md) e o Centro de Estudos de Sociologia e Estética Musical (CESEM), daquela universidade, de identificação e catalogação da obra escrita e musical.

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