Os dados do estudo realizado em 2023 e intitulado "Comportamentos Aditivos aos 18 anos", promovido e divulgado hoje pelo Instituto para os Comportamentos Aditivos e as Dependências (ICAD), tem como base o inquérito nacional aos jovens de 18 anos participantes no Dia da Defesa Nacional, realizado anualmente desde 2015, com uma interrupção em 2020, devido à pandemia de covid-19.
Os resultados do estudo revelam uma elevada prevalência do consumo de bebidas alcoólicas, com prevalência ao longo da vida na ordem dos 81% e, nos últimos 12 meses, na ordem do 78%.
Também o tabaco tem uma elevada prevalência, com 48% dos jovens a assumirem o seu consumo ao longo da vida e 41% nos últimos 12 meses.
Segundo o inquérito, 29% consumiram substâncias ilícitas ao longo da vida (24% no último ano), sobretudo canábis (23% nos últimos 12 meses).
Uma menor percentagem de jovens aponta também a ingestão de tranquilizantes ou sedativos sem receita médica (5% de prevalência nos últimos 12 meses e 7% de prevalência ao longo da vida).
A maioria dos jovens consumiu em menos de 20 ocasiões no período dos 30 dias anteriores ao inquérito, refere o estudo, indicando que "a prevalência de consumo diário/quase diário varia entre 0,2% (casos das novas substâncias psicoativas) e 13% (caso do tabaco)".
Relativamente ao álcool, 51% dos jovens reconhecem ter bebido de forma 'binge' no último ano, 62% embriagaram-se ligeiramente e 36% severamente.
"Ainda que intensos por ocasião, são padrões de consumo que tendem a ser pouco frequentes, predominando a indicação de uma a cinco ocasiões num período de 12 meses", refere o ICAD.
Uma frequência mais elevada de consumo, em 40 ou mais ocasiões neste período temporal, é declarada por 6% dos jovens quanto ao consumo 'binge', 6% quanto à embriaguez ligeira e 2% quanto à embriaguez severa.
O estudo indica também que 19% dos jovens associam o consumo de mais do que uma substância psicoativa (incluindo as lícitas) na mesma ocasião.
Já 32% declaram ter experienciado problemas relacionados com o consumo bebidas alcoólicas e 16% com substâncias ilícitas.
"Comparando 2023 com 2015, observa-se uma diminuição da prevalência de consumo nos últimos 12 meses de tabaco (-11 pontos percentuais) e de bebidas alcoólicas (-5 p.p.), a par da manutenção das prevalências de consumo de tranquilizantes/sedativos sem receita médica e de substâncias ilícitas", salienta o estuco.
No mesmo período, diminuiu ligeiramente a prevalência de embriaguez ligeira nos últimos 12 meses (-1 p.p.) enquanto aumentou a de consumo 'binge' (+4p.p.) e a de embriaguez severa (+6 p.p.).
No grupo de consumidores de bebidas alcoólicas todas as prevalências destes consumos mais intensivos aumentaram, enquanto a prevalência de policonsumo diminuiu (-2 p.p.).
Entre 2016 e 2023 as declarações de problemas relacionados com bebidas alcoólicas aumentaram 13 p.p., enquanto as de problemas relacionados com substâncias ilícitas aumentaram 2 p.p.
O consumo de cada uma das substâncias ilegais é mais declarado por rapazes, assim como as frequências de consumo mais intensas e policonsumo.
As raparigas são quem mais declaram problemas recentes relacionados com o consumo de álcool e os rapazes com o uso de substâncias ilícitas.
Também são as raparigas que mais declaram o consumo recente de tranquilizantes ou sedativos sem receita médica e, desde 2022, estão a par com os rapazes no consumo de bebidas alcoólicas.
"Globalmente, a evolução 2022-2023 contraria a tendência predominante de aumento dos consumos, verificada entre 2015 e 2022, sendo de analisar em futuras edições do inquérito se há uma mudança de ciclo", refere o ICAD.
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