Catarina Martins admitiu, na segunda-feira, no programa da SIC Notícias Linhas Vermelhas, partilhar da mesma "preocupação" de Luís Montenegro quanto à autorização dada por Washington à Ucrânia para utilizar armas norte-americanas de longo alcance contra a Rússia.
Para a eurodeputada do Bloco de Esquerda (BE), mais do que dotar a Ucrânia de armamento, é necessário encontrar um "mecanismo" para a paz, como defendeu o primeiro-ministro português no G20, que se realizou no Rio de Janeiro, no Brasil.
"Acredito que a Ucrânia tem direito à sua soberania, à sua autodeterminação e tem de ter meios para se defender e é bom que se apoie a Ucrânia na sua defesa, mas isso tem de ter uma estratégia para a paz porque a ideia de que este conflito terá uma solução militar não é verdadeira e levará à destruição da Ucrânia", começou por salientar a bloquista, revelando que esteve em Kyiv há cerca de 15 dias, numa missão não oficial, e que o pedido de todas as pessoas com quem esteve reunida era claro.
"Reuni com ONG que estão a apoiar a linha da da frente, pessoas que estão deslocadas internamento, reuni com pessoas que estão envolvidas diretamente no apoio aos combates na linha da frente, também com a oposição, sindicatos, reuni com muitas pessoas e, naturalmente, todas elas pedem apoio, apoio para travar a invasão, mas todas as pessoas sabem que é preciso uma solução diplomática e uma via para a paz", realçou.
Questionada sobre a possibilidade da Ucrânia ceder território à Rússia para terminar com a guerra, Catarina Martins defendeu que "os termos das negociações devem ser postos pela própria Ucrânia" e que isso já foi posto "em cima da mesa muitas vezes", tanto pelos EUA, como pela NATO, até, mas é "a Ucrânia que tem de definir o caminho".
Porém, para a ex-líder do BE, "é da responsabilidade da União Europeia e dos EUA ter um caminho para negociações da paz. Se o único caminho é armamento, o único caminho é destruição, é morte".
"Choca-me profundamente os generais de sofá que mandam os filhos dos outros para morrer numa guerra sem nenhuma perspetiva para alcançar a paz", concluiu Catarina Martins.
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