Numa intervenção na tomada de posse do diretor-geral de Reinserção e Serviços Prisionais, Orlando Carvalho, e do diretor nacional da Polícia Judiciária, Luís Neves, que decorreu no Ministério da Justiça, em Lisboa, Luís Montenegro atirou farpas ao líder do PS, Pedro Nuno Santos, que o acusou de falar com "ligeireza" do tema, ao atribuir o aumento dos números da violência doméstica em Portugal a mais denúncias e não a mais casos "reais".
"Se há quem pense que dizer isto é olhar com ligeireza para esta tipologia criminal eu diria que ligeiro é aquele que não vê a realidade diante dos seus olhos, ligeiro é aquele que olha para essa realidade e não lhe dá a resposta que lhe tem de ser dada", atirou, acrescentando que fica "perplexo" quando tentam "desviar as atenções" de um crime com tamanha "profundidade" e que traz às vítimas enormes traumas.
Perante isso, Montenegro reiterou o que disse ontem, durante a conferência 'Combate à violência contra mulheres e violência doméstica', que se realizou na Casa das Histórias Paula Rego, em Cascais, no âmbito do Dia Internacional da Eliminação da Violência Contra as Mulheres.
"Eu disse ontem [segunda-feira] e vou aqui repetir hoje: pelo trabalho que o legislador fez ao fazer desse crime um crime público, pelo trabalho que muitas organizações fazem de apoio às vítimas, e pelo trabalho das forças de investigação, seja a PJ, seja a GNR, seja a PSP, o trabalho que foi feito nos últimos anos fez com que a criminalidade participada neste caso concreto tivesse aumentado", afirmou hoje o primeiro-ministro.
O primeiro-ministro recordou que o combate a este crime foi uma das prioridades enunciadas pelo novo Procurador-Geral da República, Amadeu Guerra, na sua tomada de posse.
"Nós temos de ter noção que esse aumento significa muito o resultado do trabalho e não tanto o aumento da criminalidade em si. Evidentemente, não há um dado estatístico que compare aquilo que estava escondido daquilo que está à mostra. Não há. Mas há evidência que está diante dos nossos olhos", defendeu.
Recorde-se que as palavras do primeiro-ministro proferidas ontem acabaram por gerar uma onda de críticas, com o BE a acusá-lo mesmo de resumir a segurança a "percepções", o que dá "asneira".
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