CNA: Acordo UE-Mercosul negociado de forma "antidemocrática"

A Confederação Nacional da Agricultura (CNA) defendeu hoje que o acordo de livre comércio entre a União Europeia (UE) e o Mercosul foi negociado de forma antidemocrática contra o interesse dos agricultores e pediu ao Governo que não o ratifique.

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Lusa
09/12/2024 17:40 ‧ 09/12/2024 por Lusa

Economia

Agricultura

"A CNA opõe-se frontalmente ao acordo de 'livre' comércio entre a União Europeia e o Mercosul, negociado de forma antidemocrática, contra o interesse das agricultoras e agricultores e das populações", defendeu, em comunicado, a confederação.

 

Os agricultores pedem agora ao Governo português que não ratifique este acordo.

Segundo a CNA, a negociação do acordo foi envolta em secretismo, exigindo assim conhecer toda a sua extensão e não apenas o que resulta "da propaganda que a União Europeia fez" após o anúncio da sua assinatura.

Por outro lado, assinalou que o que está em causa é "mais uma machadada" para os agricultores, nomeadamente para os pequenos e médios agricultores de Portugal.

A confederação exemplificou que os bovinos produzidos em pequena escala em Portugal vão passar a competir com produções de enormes dimensões e a preços reduzidos. O mesmo acontece com as frutas ou com as oleaginosas.

Para a CNA, os tratados de livre comércio promovem modelos industriais onde quem ganha são as grandes corporações do agronegócio.

Por outro lado, as populações vão ter mais dificuldade em aceder a alimentos de proximidade, o que terá custos ambientais e sociais.

A CNA apelou ainda aos órgãos de decisão, grupos políticos, organizações da sociedade civil, agricultores e consumidores para que se mobilizem contra a concretização do acordo.

O acordo comercial UE-Mercosul, assinado na sexta-feira em Montevideu, é uma oportunidade para Portugal reduzir o défice comercial que tem com o bloco latino-americano, considerou hoje o ministro da Agricultura, José Manuel Fernandes, em Bruxelas.

"Portugal tem um défice de comércio agroalimentar de 517 milhões de euros por ano" com os países do Mercosul, disse hoje o ministro, acrescentando haver agora uma oportunidade para a redução desta diferença, exemplificando com o vinho e o azeite, entre outros produtos.

Em declarações à margem da reunião dos ministros da Agricultura e Pescas da UE, José Manuel Fernandes adiantou ainda que o acordo UE-Mercosul inclui mecanismos de salvaguarda e de reciprocidade.

Sem o acordo de parceria com os quatro membros do Mercosul - Argentina, Brasil, Paraguai e Uruguai -, Portugal tem de pagar taxas alfandegárias de 10% para exportar e que vão até aos 26% e 38% no vinho e no queijo, explicou o ministro.

O governante adiantou ainda que o acordo prevê a entrada de um total de 99 mil toneladas de carne de bovino, abaixo das atuais 196 mil toneladas que já entram no mercado único.

Leia Também: Acordo UE-Mercosul é oportunidade para baixar défice comercial português

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