Na acusação, a que a Lusa hoje teve acesso, a mulher, de 57 anos, agiu pelo "simples motivo" de pretender que ela e o marido "morressem juntos".
A ideia seria matar o marido e a seguir pôr termo à sua própria vida.
Os factos remontam a 24 de março de 2024 e ocorreram na residência do casal, em Ferreiros, Amares.
Segundo o MP, a arguida, no cumprimento de um plano que idealizava desde fevereiro, misturou comprimidos calmantes na comida e na bebida do marido para o adormecer e, assim, o incapacitar de se defender.
A vítima foi-se deitar e a arguida desferiu-lhe um golpe de tesoura no pescoço e outro num ombro, ao mesmo tempo que dizia "vamos partir os dois".
O homem conseguiu arrancar-lhe a tesoura das mãos, mas a arguida ainda tentou atingi-lo com uma faca, sem sucesso.
O MP diz que a mulher atuou com o "deliberado propósito de tirar a vida" ao marido, ao atingi-lo em zonas como o pescoço e o peito, revelando "total indiferença pelo dever de respeito e consideração" pelo mesmo.
Sublinha que a morte só não ocorreu por razões alheias à vontade da vítima.
O homem foi transportado para o Hospital de Braga, tendo necessitado de 12 dias para consolidação médico-legal.
A arguida foi internada voluntariamente no Serviço de Psiquiatria do mesmo hospital, não lhe tendo sido diagnosticada qualquer patologia daquele foro.
Está acusada de homicídio qualificado, na forma tentada, e sujeita à medida de coação de prisão domiciliária, com vigilância eletrónica.
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Se estiver a sofrer com alguma doença mental, tiver pensamentos auto-destrutivos ou simplesmente necessitar de falar com alguém, deverá consultar um psiquiatra, psicólogo ou clínico geral. Poderá ainda contactar uma destas entidades:
- SOS Voz Amiga (entre as 16h e as 24h) - 213 544 545 (Número gratuito)- 912 802 669 - 963 524 660
- Conversa Amiga (entre as 15h e as 22h) - 808 237 327 (Número gratuito) e 210 027 159
- SOS Estudante (entre as 20h e a 1h) - 239 484 020 - 915246060 - 969554545
- Telefone da Esperança (entre as 20h e as 23h) - 222 080 707
- Telefone da Amizade (entre as 16h e as 23h) – 228 323 535
Todos estes contactos garantem anonimato tanto a quem liga como a quem atende. No SNS24 (808 24 24 24 - depois deve selecionar a opção 4), o contacto é assumido por profissionais de saúde. A linha do SNS24 funciona 24 horas por dia.
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