Citado numa nota enviada à Lusa, o bastonário da Ordem dos Farmacêuticos, Helder Mota Filipe, lembra que o Governo já chegou a acordo para revisão de várias carreiras especiais no Serviço Nacional de Saúde (SNS), o que considerou positivo, mas lamentou os sucessivos adiamentos com os representantes dos farmacêuticos.
"Os farmacêuticos sentem-se discriminados e desvalorizados. Esta é, compreensivelmente, uma das razões para a difícil retenção de profissionais farmacêuticos no SNS", alerta o bastonário.
Helder Mota Filipe considera que não é possível os farmacêuticos responderem às necessidades dos serviços de saúde, em particular, dos serviços farmacêuticos, "com profissionais desmotivados" e "condições laborais completamente obsoletas".
"Mais do que uma injustiça, é uma enorme barreira ao progresso e desenvolvimento da profissão farmacêutica no SNS", sublinha.
Numa nota hoje enviada à Lusa, o Sindicato Nacional dos Farmacêuticos exigiu a retoma das negociações com o Ministério da Saúde, lembrando que as reuniões têm sido sucessivamente adiadas e que, entretanto, o Governo tem chegado a acordo com outras classes profissionais.
Diz ainda que ouviu "com perplexidade" as declarações da ministra da Saúde no parlamento esta semana, quando disse esperar que as negociações com os farmacêuticos estivessem em "fase quase final", e recordou que a última ronda negocial decorreu em setembro.
A reunião seguinte tinha sido marcada para 02 de outubro e, como foi desmarcada sem nova data, os farmacêuticos convocaram uma greve para entre 22 e 24 de outubro, com uma adesão que rondou os 90%.
Depois desta paralisação, foi agendada nova reunião para 27 de novembro, que foi novamente adiada para 12 de dezembro, altura em que a tutela adiou mais uma vez o encontro, passando-o para dia 27 de dezembro.
"Enquanto os farmacêuticos enfrentam entraves nas suas negociações, o Governo avança com acordos noutras áreas profissionais, incluindo classes que iniciaram os seus processos negociais muito depois", refere o Sindicato Nacional dos Farmacêuticos, acrescentando: "Torna-se por demais evidente que os constrangimentos orçamentais e de agenda parecem aplicar-se apenas aos farmacêuticos".
Aquando da greve de outubro, o sindicato recordou que a grelha salarial dos farmacêuticos data de 1999 e que os cerca de mil profissionais que exercem no SNS gerem a segunda maior fatia do orçamento da Saúde e conseguem, pela gestão de fármacos, uma poupança anual que "só por si pagaria o aumento".
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