"Penso que é muito importante a Fenprof explicar de onde é que vêm os números", disse Fernando Alexandre, em declarações à margem da cerimónia comemorativa do 51.º aniversário da Universidade de Aveiro.
Questionado sobre a fiabilidade destes números, o ministro disse que mantém a informação avançada a 20 de novembro, quando fez o balanço do impacto das medidas no âmbito do plano '+Aulas +Sucesso', de que havia cerca de 2.300 alunos sem aulas a uma disciplina.
"Nós mantemos o que dissemos. A Fenprof quando publica números deve dizer qual é a origem e explicar os números", afirmou.
O ministro reagiu também a outro número avançado pela Fenprof de que os professores realizaram no primeiro período de aulas mais de 60 mil horas extraordinárias, esclarecendo que "mais de metade dessas horas são abaixo de cinco horas".
"Há uma grande concentração de uma e duas horas. Portanto, são poucas horas", referiu, admitindo contudo haver alguns professores que estão sobrecarregados.
O ministro lembrou no entanto que a decisão de fazer mais de cinco horas extraordinárias é voluntária e referiu que essa é uma oportunidade que tem sido aproveitada principalmente por muitos professores novos para melhorar a sua remuneração.
"Os professores estão deslocados, estão sozinhos na região de Lisboa, e a possibilidade que hoje têm de ir dar mais aulas a outra escola e serem pagos por isso é ótimo para o sistema, garante as aulas aos alunos e os professores têm a possibilidade de melhorar a sua situação financeira", explicou.
Fernando Alexandre disse ainda que esta é uma forma extraordinária de no curto prazo resolver o problema mais grave do sistema de ensino, que são os alunos sem aulas, mas lembrou que o Governo está a tomar "muito mais medidas".
"Dezenas de milhares de alunos hoje têm aulas porque vinculámos mais professores nas zonas de maior carência - quase dois mil professores -- e novos professores que nunca tinham dado aulas e isso significa que estamos a conseguir tornar a profissão mais atraente e a conseguir atrair novos professores", referiu.
O secretário-geral da Fenprof, Mário Nogueira, disse hoje que os alunos sem professor este ano não andam longe dos (números) do ano passado", revelando que "ao longo do primeiro período de aulas, sem considerar ausências de curta duração, mais de 300 mil alunos estiveram, no mínimo, três semanas a um mês sem um professor".
Olhando apenas para o último dia de aulas do primeiro período, que terminou na terça-feira, havia ainda cerca de 30 mil alunos sem pelo menos um professor, disse Mário Nogueira, garantindo serem estimativas "abaixo da realidade".
"O primeiro trimestre deste ano letivo demonstrou a falta de eficácia das medidas tomadas pelo Ministério e à falta de professores junta-se a falta de ambição para resolver o problema", acusou o secretário-geral da Fenprof, referindo-se aos projetos "Mais Aulas Mais Sucesso" e "Aprender + Agora" (A+A).
Leia Também: Governo aprova novas medidas para facilitar recrutamento de professores