O primeiro-ministro, Luís Montenegro, está em Bruxelas, na Bélgica, onde esta quinta-feira se realiza o Conselho Europeu, o primeiro presidido pelo antigo chefe de governo, António Costa.
O encontro conta ainda com a presença do presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, e Montenegro começou por falar aos jornalistas sobre o tema: "Neste Conselho em particular teremos oportunidade de reiterar o nosso apoio incondicional à Ucrânia. Apoio esse que é político, militar e financeiro. Esse apoio durará tanto tempo quanto for necessário para fazer prevalecer aquele que é o direito internacional, o respeito pela integralidade do território ucraniano, pela defesa da paz e também pela defesa dos direitos humanos".
Ainda em relação á Ucrânia, e questionado sobre se as decisões da União Europeia estão em suspenso até ao regresso de Donald Trump à Casa Branca, em 20 de janeiro de 2025, Luís Montenegro respondeu que "seria um mau sinal se a Europa tivesse de estar à espera de quem quer que seja".
"A Europa não pode vacilar, a Europa não vai vacilar no seu apoio à Ucrânia", apontou.
À chegada da reunião, Montenegro lembrou o encontro da União Europeia ontem com os Balcãs Ocidentais, no âmbito do processo de adesão dos últimos a bloco europeu, e afirmou que também o Pacto para as Migrações e Asilo será uma matéria da qual Portugal ia dar nota neste Conselho. "É uma matéria sobre a qual temos produzido já as nossas declarações, no sentido de aprofundar a regulação que é necessária - na Europa e também em Portugal", afirmou, defendendo que o acolhimento tinha que ser feito com vista à dignidade das pessoas.
"Parece-me importante que as reuniões do Conselho possam também ser espaços de discussão política antes mesmo de produzirem decisões. Hoje, a Europa tem diante de si um grande desafio que é como se coloca no mundo, como é que se relaciona do ponto de vista político e geopolítico com os outros blocos. E também como se relaciona do ponto de vista comercial", defendeu, falando de uma "especial ligação" com os Estados Unidos e a América Latina.
Já sobre o presidente-eleito, Donald Trump, Montenegro reconheceu que a relação "poderá não ser a mesma coisa que era com o presidente que está em exercício [o democrata Joe Biden], mas será no mesmo respeito".
Nesta senda, Montenegro afirmou que Portugal defende "a implementação tão célere quanto possível" do acordo do Mercosul. "Temos de dar um exemplo ao mundo de que somos capazes de gerar entendimentos políticos e comerciais com outros espaços. Este é um bom exemplo disso", justificou, falando das trocas comerciais que são atualmente penalizadoras para a Europa.
"Hoje qualquer país europeu, e Portugal sabe bem disso, paga taxas alfandegárias muito mais elevadas para exportar os seus produtos para a América do Sul do que o que acontece com a transação em sentido contrário", apontou, alertando que espera que não haja qualquer bloqueio por parte da União Europeia a este acordo: "Seria um péssimo sinal que a Europa dava de incapacidade. De se abalançar a poder estreitar relações com outros blocos comerciais".
Num momento em que a UE e os seus Estados-membros já avançaram com cerca de 125 mil milhões de euros de apoio à Ucrânia, para o país manter os seus principais setores de atividade mas também para se defender da Rússia, o objetivo do apoio comunitário é que Kyiv fique numa posição mais forte face a Moscovo para, assim, conseguir negociar a paz.
Para 2025, está previsto um apoio financeiro de mais de 30 mil milhões de euros (12,5 mil milhões de euros do Mecanismo de Apoio à Ucrânia e de 18,1 mil milhões de euros dos empréstimos extraordinários), além do apoio de cerca de 30 mil milhões de euros já concedido até à data.
Apesar de não se esperarem novos anúncios para a Ucrânia, este primeiro Conselho Europeu de António Costa traz como novidade o método de trabalho dos líderes da UE, que após receberem Volodymyr Zelensky se vão concentrar em temas como as migrações, o papel da UE no mundo e noutras tensões geopolíticas, como no Médio Oriente.
[Notícia atualizada às 10h55]
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