"Depois dos resultados eleitorais, o JPP vai falar com os partidos se não houver maiorias", afirmou, para logo acrescentar: "Não vamos falar antes, que isso, para nós, é trair a confiança da população".
Élvio Sousa falava aos jornalistas após uma audiência com o representante da República para a Madeira, Ireneu Barreto, que hoje está a ouvir os sete partidos com representação na Assembleia Legislativa na sequência da queda do executivo, após a aprovação, na terça-feira, da moção de censura apresentada pelo Chega.
"Nós transmitimos ao senhor representante da República a questão de que o único cenário é o de haver eleições o mais rápido possível", disse, tendo sugerido data de 23 de fevereiro.
O líder do Juntos Pelo Povo (JPP), o terceiro maior partido da oposição regional, com nove deputados na Assembleia Legislativa, defendeu, por outro lado, que Ireneu Barreto deve conceder tempo aos partidos para dialogarem após as eleições, caso nenhum vença com maioria absoluta, e, posteriormente, deve exigir um "documento escrito" face a um eventual acordo de governo.
Élvio Sousa explicou que Ireneu Barreto deve evitar o que aconteceu após as eleições antecipadas de 26 de maio, em que lhe foi garantido haver "condições de estabilidade e de governabilidade" na região, tendo viabilizado o governo social-democrata minoritário liderado por Miguel Albuquerque.
"É necessário apresentar um documento escrito", disse, lembrando que o Chega, um dos partidos que apoiou o executivo, acabou por apresentar uma moção de censura.
"Neste momento, está visto que não podemos confiar só nas palavras", reforçou.
Élvio Sousa sublinhou, por outro lado, que o JPP, partido criado na Madeira a partir de um movimento de cidadãos, "tem competência para governar a região" e dispõe já de uma equipa preparada para o efeito, estando também a preparar um Programa de Governo.
"Para governar a região é mais fácil do que [para] governar a Câmara de Lisboa. Não é nenhum bicho papão. Basta ser responsável e ser honesto", declarou.
A moção de censura ao executivo madeirense apresentada pelo Chega foi aprovada na terça-feira com os votos a favor de toda a oposição - PS, JPP, Chega, IL e PAN, que juntos reúnem 26 eleitos, ultrapassando assim os 24 necessários à maioria absoluta -, enquanto o PSD (19 deputados) e o CDS-PP (dois deputados), partidos que têm um acordo parlamentar, votaram contra.
Antes, em 09 de dezembro, a oposição na Assembleia Legislativa tinha também votado em bloco contra as propostas de Orçamento e Plano de Investimento para 2025, pelo que a região entra no novo ano em regime de duodécimos.
Em novembro, o Chega, que tem quatro deputados num universo de 47 lugares no hemiciclo, justificou a apresentação da moção de censura com as diferentes investigações judiciais envolvendo o presidente do executivo e da estrutura regional do PSD, Miguel Albuquerque, e quatro secretários regionais, todos constituídos arguidos este ano.
A aprovação da moção de censura, já publicada em Diário da República, uma situação inédita na região autónoma, implicou a queda da XV Governo da Madeira, que estava em funções desde 06 de junho deste ano.
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