Após fuga de Vale de Judeus, auditoria "inédita" a prisões é concluída

A ministra da Justiça, Rita Alarcão Júdice, já marcou uma nova inspeção ao sistema prisional em Portugal para 2025. As conclusões devem ser apresentadas no final do próximo ano, mas há pedidos no 'imediato' à Direção-Geral de Reinserção e Serviços Prisionais.

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© Nuno Brites/Global Imagens

Teresa Banha
31/12/2024 11:16 ‧ há 2 dias por Teresa Banha

País

Prisões

A auditoria à segurança e vigilância a todas as prisões do país já foi concluída e os resultados entregues à ministra da Justiça, que considerou que esta monitorização confirma o "desinvestimento no sistema prisional ao longo dos anos". Já com nova auditoria marcada para 2025, a tutela dá ainda conta de algumas conclusões.

 

Segundo um comunicado do Ministério da Justiça enviado às redações, "a Inspeção-geral dos Serviços de Justiça [IGSJ] detetou deficiências de diferentes naturezas".

As mesmas constam do Relatório final, entregue a 27 de dezembro à ministra da Justiça, Rita Alarcão Júdice. Deste documento final fazem parte "49 relatórios" sobre cada um dos 49 estabelecimentos prisionais monitorizados.

O que diz o relatório?

A nota enviada dá ainda conta de algumas questões de segurança, que são divididas em três partes: Equipamentos e infraestruturas, organização e gestão de recursos humanos, que pode consultar abaixo:

Equipamentos e infraestruturas

  • Sistema de Informação Prisional com alguns módulos a carecer de atualização;
  • Necessidade de avaliar a lotação dos EP;
  • Viaturas celulares e de serviços gerais antigas (de 1998 e 2000) e degradadas;
  • Ausência de uniformização de configuração das câmaras de CCTV;
  • Instalações a necessitar de obras e de outras intervenções;
  • Falta de sistema que impeça o arremesso de objetos nalguns EP;
  • Torres não operacionais nalguns EP;
  • Locais desadequados para visitas.

Organização

  • Dificuldades na alocação dos reclusos a cada um dos EP e na distribuição por
    alas/celas/camaratas;
  • Dificuldades na transferência de reclusos entre EP;
  • Pouca articulação na informação entre EP e entre DGRSP e EP;
  • Grande concentração de saídas nos mesmos dias (para consultas/exames ou diligências
    judiciais);
  • Permanência de reclusos preventivos em EP concebidos para reclusos condenados.

Gestão de recursos humanos

  • Escassez de guardas prisionais ao serviço, motivada também por ausências prolongadas, com grande incidência de alegação de acidentes em serviço, de doenças profissionais e de baixas médicas;
  • Faixa etária avançada dos guardas prisionais;
  • Ausência de formação dos guardas prisionais em temas específicos;
  • Insuficiência de elementos encarregados da videovigilância;
  • Acumulação de funções dos elementos encarregados da videovigilância, nalguns casos;
  • Subocupação do Regime Aberto para o Interior (RAI), não se assegurando a total a ocupação dos tempos de quem está nesse regime.

Do "desinvestimento" à nova inspeção. O que diz a ministra?

Perante os resultados, e lembrando que esta é uma auditoria "inédita", a ministra aponta que a auditoria em causa "confirma o estado de desinvestimento no sistema prisional ao longo dos anos".

"Também nos permite ter uma visão completa e transversal do sistema prisional e tomar as melhores decisões de gestão e de investimento nas prisões. Várias decisões já foram tomadas, como a compra de viaturas, de equipamento de vigilância eletrónica e a contratação de 225 guardas prisionais, em curso", acrescenta, citada na mesma nota.

Segundo a responsável, há ainda dois locais onde já se está a "dar início a intervenções urgentes", Lisboa e Ponta Delgada. "Os trabalhos de requalificação das prisões e do sistema prisional são longos e demorados. Por isso, estamos a começar já", apontou.

O que segue?

Após receber o relatório, o Ministério da Justiça decidiu pedir à Direção-Geral de Reinserção e Serviços Prisionais (DGRSP) que "proceda à classificação, por grau de prioridade, das falhas cuja reparação se revela mais urgente e/ou necessária; calendarize as medidas destinadas a suprir as falhas; e apresente um relatório de execução até 31 de março de 2025 e outro até 30 de junho de 2025".

Para além do pedido DGRSP, o ministério ordenou uma nova inspeção à IGSJ, no último trimestre de 2025. A entrega do relatório desta futura inspeção deverá ser entregue até 31 de dezembro.

[Notícia atualizada às 11h42]

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