O governador do Banco de Portugal (BdP), Mário Centeno, assumiu, na quarta-feira, que não será candidato à Presidência da República, uma vez que “nunca” desempenhou as suas funções no banco central “para passar com 10”. Apesar de ter indicado que pretendia assumir um segundo mandado naquele organismo, o antigo ministro das Finanças poderá não ser reconduzido pelo Executivo de Luís Montenegro. O que se sabe?
"Não vou ser candidato à Presidência da República. Não vou apresentar nenhuma candidatura. Não está no meu horizonte que isso aconteça. […] É uma decisão pessoal, tomada dentro do meu círculo pessoal, da minha família, da visão que eu tenho – pessoal e profissional – de mim mesmo, e daquilo que eu quero fazer no futuro", sustentou, em declarações ao programa Grande Entrevista, da RTP 3.
Depois de, em novembro, ter deixado em aberto uma eventual candidatura a Belém, Mário Centeno explicou que, agora, o "momento está mais amadurecido".
"O meu foco é desempenhar o meu mandato. Há um segundo mandato e eu nunca desempenhei as minhas funções para passar com 10. […] Estou a desempenhar as minhas funções com esse objetivo porque é sempre assim que desempenho as minhas funções", disse, quando questionado sobre o seu futuro no banco central.
Contudo, esta quinta-feira, a SIC avançou que o Governo de Luís Montenegro não pretende reconduzir Mário Centeno no atual cargo.
Entretanto, o ministro das Finanças, Joaquim Miranda Sarmento, ressalvou que o Executivo tomará uma decisão mais próximo do final do mandato do responsável, além de ter assegurado que o tema "nunca foi comentado em Conselho de Ministros", nem "nunca foi objeto de qualquer conversa" entre si e o primeiro-ministro.
De facto, Miranda Sarmento considerou ser "extemporânea qualquer notícia sobre o assunto".
Depois de ter revelado que estava a par da decisão de Mário Centeno de não concorrer à Presidência da República, o secretário-geral do Partido Socialista (PS), Pedro Nuno Santos, criticou a forma e o 'timing' da divulgação da notícia que, na sua ótica, "diz muito sobre quem governa".
"As notícias de hoje de que o Governo já decidiu, um dia depois ou poucas horas depois de uma entrevista em que o governador do BdP, que é de uma qualidade indiscutível em Portugal e na Europa, manifestou a sua vontade [em continuar no cargo], o Governo 'em off' dizer que o governador não será reconduzido [...] é, no mínimo feio, deselegante e diz muito sobre as pessoas que hoje governam Portugal", disse.
O socialista realçou ainda que "não há muitas pessoas" em Portugal "com o currículo que Mário Centeno tem".
Recorde-se que o ex-ministro das Finanças do Governo de António Costa é governador do banco central desde 20 de julho de 2020 e o seu mandato de cinco anos termina em julho deste ano.
O cargo de governador do BdP é apenas renovável por uma vez, para um mandato da mesma duração.
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