A intenção dos ativistas do Coolaboratório, grupo de jovens que reúne na cooperativa de intervenção social Coolabora, é estimular a reflexão sobre o direito à igualdade entre homens e mulheres.
"A representatividade é fundamental e as autarquias têm um papel central nos processos de inclusão, incluindo os simbólicos. Esta campanha foi criada para promover uma reflexão crítica sobre a invisibilidade das mulheres e a necessidade de igualdade", disse, em declarações à agência Lusa, Thaís Marcon, estudante de mestrado na Universidade da Beira Interior.
Para Catarina Pires, 20 anos, nas zonas centrais e nobres da Covilhã não há uma única artéria com nome de mulher, o que "ilustra claramente a invisibilidade das mulheres nos espaços públicos mais significativos".
"Esta ausência não é apenas um reflexo do passado, mas também um problema atual que perpetua a invisibilidade das mulheres e a falta de reconhecimento das suas contribuições para a sociedade", salientou Catarina Pires à agência Lusa.
O grupo criou placas toponímicas, com um grafismo semelhante às que existem na cidade, e deu-lhes nomes de mulheres locais, mas também de outras que lutaram pela liberdade, trabalhadoras, mulheres invisibilizadas ou que enfrentaram opressões, referiram.
Segundo Francisco Oliveira, membro do grupo, a intenção não foi abranger toda a cidade, no distrito de Castelo Branco, onde admitem que exista alguma rua que fuja à regra em alguma zona periférica.
"Quisemos mostrar que as ruas são quase todas a homenagear homens. Tivemos o cuidado de não mudar nomes de ruas que assinalassem eventos ou grupos, como a Rua dos Combatentes ou a Avenida 25 de Abril", acrescentou o estudante, de 20 anos.
Os jovens salientam que este é um exercício de cidadania para alertar a comunidade para a "hegemonia masculina" nos nomes das ruas da cidade e para levar à reflexão.
Na principal via comercial da cidade, junto à placa da Rua do Comendador Mendes Veiga surge uma outra, com o nome Rua Rosa Veiga, industrial dos lanifícios.
Outras aludem à Rua Maria Lurdes Parente Silva, presa política da PIDE; Rua Adelaide Cabete, médica; Rua Carolina Beatriz Ângelo, médica e a primeira mulher a votar em Portugal; Rua Celeste Caeiro, que distribuiu os primeiros cravos na revolução do 25 de Abril; Rua Maria de Lurdes Pintassilgo, primeira-ministra do V Governo Constitucional ou a Rua de Todas as Mulheres.
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