O antigo deputado do PSD Álvaro Santos Almeida foi o escolhido para substituir António Gandra d’Almeida como diretor executivo do Serviço Nacional de Saúde (SNS), avançou primeiramente o Observador.
O Notícias ao Minuto contactou o Ministério da Saúde para confirmar a informação, mas ainda não obteve resposta. Entretanto o anúncio foi feito pela ministra da Saúde, Ana Paula Martins, à margem da inauguração, esta terça-feira de manhã, das instalações da Unidade de Saúde do Catujal (ULS São José).
Ana Paula Martins justificou a escolha por Álvaro Santos Almeida ter um "perfil mais de gestão" e "sensibilidade para a saúde", o que faz com que esteja "muito articulado" com o SNS.
"É, naturalmente, uma das personalidades que, no país, tem um grande conhecimento da área da saúde, já foi presidente da Administração Regional de Saúde do Norte, da Entidade Reguladora da Saúde mas terá de ir à CReSAP e escolher a sua equipa. Ao ver várias individualidades, é um perfil mais de gestão muito articulada com o SNS, alguém com sensibilidade e conhecimento para a saúde. Não tem só conhecimento no terreno, tem também na academia", justificou Ana Paula Martins.
A responsável pela pasta da Saúde deixou claro que o Governo concorda com a "importante" existência da direção executiva do SNS, mas pretende rever as "funções e organização".
"Quem vai conduzir essa transformação é o próximo diretor executivo", sublinhou a ministra da Saúde.
Ministra conhecia relatório da CReSAP sobre Gandra d'Almeida. "Parecer é positivo"
Questionada sobre se tinha conhecimento da acumulação de funções de Gandra d’Almeida, Ana Paula Martins afirmou conhecer o que estava no "relatório público da Comissão de Recrutamento e Seleção para a Administração Pública (CReSAP)".
"Indigitamos personalidades, vão à comissão de avaliação e é-nos dado depois o parecer da comissão de avaliação e esse parecer é positivo. A posição da CReSAP é de que o perfil, competências e currículo de António Gandra d’Almeida é o adequado para as funções de direção executiva do Serviço Nacional de Saúde. Não quero deixar de lhe agradecer o trabalho que fez", explicou.
A ministra afirmou que não demorou a aceitar o pedido de demissão porque foi uma decisão "individual" tendo em conta que "vieram determinados factos à presença pública" e era necessário "proteger o lugar e o SNS".
"Entendi, entendo e voltaria a fazer o mesmo. Respeitar, em primeiro lugar, a posição do diretor ainda em exercício e encontrar nomes e pessoas que pudessem assumir, o mais rapidamente possível, essa função", acrescentou Ana Paula Martins.
Quem é Álvaro Santos Almeida?
O novo diretor executivo do SNS, de acordo com a curta biografia disponível no site do grupo parlamentar do PSD, tem 60 anos e foi deputado social-democrata na XIV legislatura, entre outubro de 2019 e março de 2022.
Antes, nas eleições autárquicas de 2017, foi candidato do PSD à Câmara Municipal do Porto.
Atualmente desempenhava as funções de diretor do mestrado em Gestão e Economia de Serviços de Saúde, professor associado na Faculdade de Economia da Universidade do Porto e diretor da pós-graduação em Gestão e Direção de Serviços de Saúde, além de ser professor na Porto Business School.
Na sexta-feira, António Gandra D'Almeida pediu a demissão imediata das suas funções de diretor executivo do Serviço Nacional de Saúde, pedido que foi aceite de imediato pela ministra da Saúde, Ana Paula Martins.
O pedido de demissão foi anunciado horas depois de a SIC ter noticiado que o diretor executivo do SNS acumulou, durante mais de dois anos, as funções de diretor do INEM do Norte, com sede no Porto, com as de médico tarefeiro nas urgências de Faro e Portimão.
Segundo o canal, a lei diz que é essa acumulação incompatível, mas António Gandra D'Almeida conseguiu que o INEM lhe desse uma autorização com a garantia de que não ia receber vencimento.
No entanto, através de uma empresa que criou com a mulher e da qual era gerente, terá recebido "mais de 200 mil euros por esses turnos", adiantou ainda a SIC.
Em 22 de maio de 2024, o Ministério da Saúde adiantou que tinha escolhido o médico militar António Gandra D´Almeida para substituir Fernando Araújo como diretor executivo do Serviço Nacional de Saúde e, no mês seguinte, o Conselho de Ministros aprovou a sua designação para o cargo.
Gandra D´Almeida, especialista em cirurgia geral, foi diretor da delegação do Norte do Instituto Nacional de Emergência Médica a partir de novembro de 2021 e, nas Forças Armadas, acumulou funções de chefia e de coordenação.
Foi escolhido pelo Governo na sequência da demissão apresentada por Fernando Araújo no final de abril de 2024, depois de liderar a Direção Executiva do SNS durante cerca de 15 meses, alegando que não queria ser um obstáculo ao Governo nas políticas e nas medidas que considerasse necessário implementar.
[Notícia atualizada às 11h57]
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