O Coordenador da Investigação e Contraterrorismo da Polícia Judiciária (PJ), António Alves da Cunha, revelou, numa entrevista dada à RTP-Açores, que os jovens radicalizam-se cada vez mais cedo em Portugal e que é "em Lisboa que se centram a maior parte dos fenómenos", apesar de também existirem "situações nas ilhas e no interior do país".
Há, inclusive, vários inquéritos abertos, tutelares e educativos, a decorrer em tribunais de família e menores devido a casos destes.
"Alguns têm menos de 16 anos. Tivemos uma situação de um jovem que se converteu ao islamismo e depois entrou também num processo de radicalização", contou o responsável.
Para estes jovens - e não só - faltam psicólogos especializados em extremismos e violência em Portugal, o que faz com que seja "muito difícil encontrar pessoas que tenham especialização para a desradicalização".
"Temos a consciência que a maior parte dos crimes, que mais tarde podem ser crimes de grande dimensão, começam precisamente por ser um crime de mensagem, de identidade e que é proferido através das redes sociais, como é a descriminação e o incitamento ao ódio, e que muitas vezes precedem ao terrorismo", explicou António Alves da Cunha.
Já sobre a possível chegada de mulheres e filhos de ex-combatentes portugueses na Síria a Portugal, o Coordenador da Investigação e Contraterrorismo da PJ garantiu que haverá sempre uma avaliação do grau de risco dessas pessoas.
"É necessário perceber em que condições essas mulheres irão chegar a Portugal [...]. O que compete à PJ é fazer uma avaliação sobre o grau de radicalização dessas mulheres e, sobretudo, fazer uma avaliação de que perigos é que eventualmente elas poderão representar para Portugal", realçou.
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