"Na tourada há responsabilidade. Não há escola de cidadania melhor"

 O secretário regional da Agricultura e Alimentação dos Açores, António Ventura, disse hoje que a tourada é a melhor escola de cidadania que conhece e admitiu que a região possa vir a legalizar a sorte de varas.

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Lusa
24/01/2025 14:28 ‧ há 5 horas por Lusa

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Açores

"Na tourada há a dignidade, há a responsabilidade, aprende-se a trabalhar em grupo, aprende-se a cumprir as regras, há disciplina. Eu não encontro uma escola de cidadania melhor do que a tourada", afirmou o titular da pasta da Agricultura do executivo PSD/CDS-PP/PPM.

 

António Ventura falava, em Angra do Heroísmo, na ilha Terceira, na sessão de abertura do IV Fórum Mundial da Cultura Taurina, organizado pela Tertúlia Tauromáquica Terceirense e que reúne cerca de 250 participantes de oito países.

O governante açoriano salientou que a cultura taurina "tem uma raiz profunda no povo açoriano, em especial nos terceirenses", e alegou que "é uma falácia dizer-se que não há bem-estar animal na tourada".

"Não conheço nenhum animal que seja tão protegido como o touro, em legislação, em regras. O touro é um elemento central de qualquer tourada e o que mais existe é legislação a proteger esse animal", apontou.

O antigo presidente da Tertúlia Tauromáquica Terceirense e membro da comissão organizadora do fórum José Parreira lembrou que, em 2009, o parlamento açoriano rejeitou uma proposta que previa a legalização da sorte de varas, em que os touros são picados, alegando que "a tauromaquia ficou mais pobre".

"Queremos afirmar aqui hoje que o tema jamais foi esquecido e que na altura devida voltaremos a incomodar os nossos representantes com aquilo que para nós é uma prática essencial. É pela reposição da sorte de varas que recomeçaremos a ganhar o futuro", adiantou.

Na reação, o secretário regional da Agricultura desafiou a Tertúlia Tauromáquica Terceirense a voltar a sondar a possibilidade de a sorte de varas ser discutida no parlamento, alegando que a arquitetura atual, com oito partidos e sem uma maioria absoluta, "pode ser uma vantagem".

"Não vai ser uma tarefa fácil, teremos de fechar os ouvidos e os olhos a muitos ataques, mas nos Açores mandam os açorianos e mandam através do seu parlamento regional, primeiro órgão da nossa soberania", afirmou.

"Vamos enriquecer esta arte, esta projeção e manter viva esta tradição açoriana. Gostar dos touros e viver a festa com os touros é ser açoriano", acrescentou.

Em 2009, PSD e PS deram liberdade de voto aos deputados no parlamento açoriano e o projeto de decreto legislativo regional para a legalização da sorte de varas, subscrito por 26 deputados, de PS, PSD, CDS-PP e PPM, acabou por ser chumbado com 28 votos contra, 26 a favor e duas abstenções, mas um deputado, que se teria comprometido a votar favoravelmente, estava ausente no momento da votação.

Num encontro para debater o futuro da tauromaquia, José Parreira apelou a uma "união efetiva e global dos movimentos taurinos" e defendeu que é preciso "inverter o sentido da mensagem".

"Pô-los a eles [movimentos anti-tauromaquia] a justificar o que para eles é óbvio. Aí veremos rapidamente a fragilidade da argumentação", apontou o antigo presidente da Tertúlia Tauromáquica Terceirense.

José Parreira considerou que é preciso "conquistar o espaço mediático, não com chavões, nem demagogias, mas com atos concretos, com números e evidências científicas".

"O futuro da festa passa pela capacidade de modernizar sem perder a essência. Sermos capazes de comunicar com os novos meios disponíveis e reconhecíveis pelas novas gerações e assim inverter a pirâmide etária da 'afición'. Não temos de ser modernos, 'cool' ou fixes, temos de ser autênticos", salientou.

O IV Fórum da Mundial da Cultura Taurina debate durante três dias, na ilha Terceira, o futuro da atividade, em mesas redondas e conferências, que juntam toureiros, ganadeiros, advogados, veterinários e jornalistas, entre outros, com participantes de Espanha, França, Portugal, México, Colômbia, Peru, Venezuela e Equador.

Em comunicado de imprensa, sete associações de bem-estar animal e movimentos pela abolição das touradas criticaram os apoios concedidos pelo Governo Regional dos Açores e pelos municípios da ilha Terceira para a realização deste evento.

"Num mundo onde cada vez mais são reconhecidos e respeitados os direitos dos animais, alguns cidadãos da ilha Terceira envergonham os Açores ao promoverem um evento onde se promoverá uma prática, a tauromaquia, que já devia estar há muito tempo abolida do mundo civilizado", lê-se no comunicado.

Leia Também: Governo açoriano atualiza plano para acolher eventuais deportados dos EUA

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