A luso-francesa Sandrine Pissara, que torturou a filha, de 13 anos, e a deixou morrer à fome, com apenas 28 quilos, no verão de 2020, foi esta sexta-feira condenada a prisão perpétua, com um período de segurança de 20 anos, avança o jornal regional francês Dernières Nouvelles d'Alsace. O padrasto, Jean-Michel Cros, considerado cúmplice no crime, terá de cumprir uma pena de 20 anos de prisão. A sentença corresponde ao pedido do Ministério Público francês.
No Tribunal de Hérault, em Montpellier, a mulher de 54 anos foi considerada culpada de atos de "tortura" e "barbárie" contra Amandine.
"Desde criança, Amandine foi espancada, esmurrada, pontapeada, agredida com uma vassoura. Teve cabelos arrancados, gritou repetidamente, foi insultada e empurrada", afirmou o procurador do Ministério Público, Jean-Marie Beney, citado pelo mesmo jornal local.
Referindo-se ao padrasto, o procurador acusou-o de contribuir para o "sistema ditatorial" em que a criança vivia.
"Atitude que consiste em não ver nada, não ouvir nada, não dizer nada, com as mãos atadas atrás das costas e os pés num bloco de betão que ele próprio construiu", acrescentou o procurador do Ministério Público francês.
No julgamento, que durou várias semanas, foram exibidas imagens do corpo de Amandine, comprovando que a criança sofria de magreza severa e tinha escoriações e marcas de maus-tratos.
Apesar de a luso-francesa ter garantido, em tribunal, que sofreu também ela de violência doméstica durante a infância, o magistrado não acreditou: "Não acredito em nada! Porque durante quatro anos esses elementos nunca foram mencionados", lembrou.
Já o advogado de defesa de Sandrine disse apenas que "esta violência não caiu do céu", numa clara referência ao que a luso-francesa diz ter passado quando era criança.
Pelo menos dois dos restantes filhos, que testemunharam em tribunal, estão de costas voltadas para a mãe e acusaram-na de ser uma "criminosa".
[Notícia atualizada às 16h44]
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