Hernâni Dias, um dos dois secretários de Estado sob a tutela do ministro Adjunto, apresentou hoje a demissão ao primeiro-ministro, Luís Montenegro, que a aceitou.
Numa nota escrita enviada à Lusa, o ministro Manuel Castro Almeida "saúda a atitude do secretário de Estado da Administração Local e Ordenamento do Território e agradece a colaboração empenhada e dedicada que Hernâni Dias dispensou desde o início da governação".
Na sexta-feira, a RTP noticiou que Hernâni Dias criou duas empresas que podem vir a beneficiar com a nova lei dos solos, sendo que era secretário de Estado do ministério que tutela essas alterações.
Uma semana antes, o mesmo canal de televisão avançou que Hernâni Dias estava a ser investigado pela Procuradoria Europeia e era suspeito de ter recebido contrapartidas quando foi autarca de Bragança.
Hoje, na carta de demissão a que a Lusa teve acesso, o secretário de Estado cessante da Administração Local justificou a decisão para proteger a estabilidade do Governo, o primeiro-ministro e a sua família, e diz-se de "consciência absolutamente tranquila".
"Estou de consciência absolutamente tranquila. Gostaria de reiterar que a minha demissão nada tem a ver com o receio de esclarecer as questões que têm sido veiculadas pela comunicação social. Bem pelo contrário, renovo a minha vontade e plena disponibilidade para prestar todos os esclarecimentos às autoridades competentes", refere.
O governante demissionário disse ainda que vai suspender o mandato de deputado para ser ouvido no parlamento, aguardando a aprovação da sua audição, já pedida por vários partidos, para "esclarecimento cabal de todos os assuntos, o mais rápido possível, e encerrar a desinformação que tem sido difundida".
A demissão de Hernâni Dias é a primeira do XXIV Governo Constitucional PSD/CDS-PP, que tomou posse há quase dez meses, a 02 de abril do ano passado.
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