"O Governo vendeu o BPN a preço de saldo ao BIC dizendo que era para defender postos de trabalho e na verdade centenas de trabalhadores que ficaram nos veículos, não foram para o BIC, estão a ser despedidos", disse à Lusa a coordenadora do BE Catarina Martins.
Catarina Martins recebeu hoje na sede do BE, em Lisboa, a comissão de trabalhadores da Parvalorem, empesa que gere a carteira de créditos adquiridos no âmbito do processo de reprivatização do BPN.
"Está em cima da mesa a possibilidade de despedimento de 200 trabalhadores no período de um ano, mas o Governo não assume essa intenção", afirmou.
Catarina Martins argumentou que os trabalhadores do BPN, como os do BES, não têm culpa do que foi feito pelos banqueiros e não podem ser usados como desculpa do Governo para negócios de favor, ao mesmo tempo que acabam despedidos".
"Além do mais decorre em tribunal um processo que contesta a venda do BPN sem os trabalhadores e o provedor de justiça já se pronunciou dizendo que o BIC devia ter ficado com os trabalhadores do BPN quando o BPN foi vendido", frisou.
Catarina Martins referiu que os trabalhadores em causa já se manifestaram disponíveis para integrar a administração pública, em serviços em que haja carência de recursos humanos, tendo a maioria PSD/CDS-PP demonstrado abertura a essa possibilidade, a que o Governo "fechou completamente a porta".
O BE vai voltar a questionar o executivo sobre a situação dos trabalhadores da Parvalorem, incluindo a contratação em regime de 'outsourcing' de outros trabalhadores por aquela empresa, bem como o "conflito de interesses" de o Estado e o BIC serem defendidos pelo mesmo advogado nos processos referentes a esta matéria que decorrem em tribunal.
Os bloquistas vão ainda insistir na apresentação de uma iniciativa legislativa no parlamento de "solução" para os 200 trabalhadores em causa.