Marcelo Rebelo de Sousa falava aos jornalistas durante um encontro com representantes da comunidade portuguesa no Palácio Kaiserstein, em Praga, onde chegou hoje para uma visita oficial à República Checa.
Segundo o chefe de Estado, neste momento "a Europa tem que fazer várias coisas ao mesmo tempo, o que é difícil": tem de "trabalhar na segurança", simultaneamente "tem de crescer", o que não está a acontecer em grandes economias como a alemã, e de "investir na ciência, na tecnologia", sem descurar os problemas sociais.
"E ainda por cima, tem pela frente o desafio do novo presidente norte-americano", realçou.
Sobre Donald Trump, que disse conhecer bem, Marcelo Rebelo de Sousa descreveu-o como "um empresário que é um ótimo negociador" e "gosta de liderar as negociações", que neste início de mandato "quer fazer tudo rápido" e anuncia medidas para ver "qual é a reação dos destinatários".
O Presidente da República referiu que para a Europa "isto é uma experiência nova, não tem nada a ver com a administração do presidente anterior [dos Estados Unidos da América]", Joe Biden.
"Portanto, tem de responder rápido, tem de responder em conjunto. Tem de responder de uma forma firme - como fez a presidente da Comissão [Europeia, Ursula von der Leyen]: há tarifas, nós respondemos", defendeu.
"Isto para a Europa é uma experiência difícil, exige uma grande unidade, uma capacidade de resposta rápida, imaginação", reforçou.
Relativamente à guerra na Ucrânia, para Marcelo Rebelo de Sousa "é impensável haver uma negociação ou qualquer tipo de conversa sobre a Ucrânia em que a Ucrânia não esteja envolvida e a Europa não esteja envolvida".
"Agora, como é que se envolve? E como é que deve reagir para, em cada momento, mostrar a sua força? A Europa tem de mostrar que tem força suficiente para ter poder negocial", acrescentou.
Na opinião de Presidente da República, o modo como Trump irá proceder em relação à Europa e outras regiões "depende do que ele perceber que é a resposta dos destinatários".
"Ele conhece bem o presidente Putin, muito bem, portanto, não tem surpresas nem novidades com ele. Conhece menos bem o presidente Xi Jinping, mas já conhece melhor do que no primeiro mandato, e portanto já espera dele certas respostas. Da Europa, com as lideranças atuais, está a ver que respostas é que a Europa dá", resumiu.
Segundo Marcelo Rebelo de Sousa, Trump "sobe a parada, sobretudo nesta altura em que está muito forte, e espera para ver se aguentam ou não aguentam e o que é que lhe dão em troca, se vale a pena ficar a meio caminho, a dois terços, a um terço".
A Europa tem de "encontrar respostas conjuntas, rápidas e suficientemente fortes" para conseguir "espaço negocial", insistiu.
[Notícia atualizada às 23h15]
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