O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, manifestou "profundo pesar" pela morte de Aga Khan, esta terça-feira em Lisboa, recordando o líder dos muçulmanos xiitas ismailis como "um bom amigo de Portugal", cuja vida foi marcada por um "trabalho incansável em prol da elevação da dignidade humana e da proteção dos mais desfavorecidos".
"O Presidente da República manifesta profundo pesar pela morte de Sua Alteza o Príncipe Aga Khan. O Príncipe Karim Al-Husseini, que o Presidente Marcelo Rebelo de Sousa teve a honra de conhecer bem, foi um bom amigo de Portugal. Marcou a sua vida por um trabalho incansável em prol da elevação da dignidade humana e da proteção dos mais desfavorecidos", lê-se numa nota divulgada no site oficial da Presidência da República.
Na mesma nota, o chefe de Estado recorda que, sob a liderança de Aga Khan, "a Rede Aga Khan para o Desenvolvimento promove um trabalho extraordinário e multifacetado, dando desde há décadas um contributo fundamental para o desenvolvimento humano a nível global, trazendo melhorias tangíveis às condições sociais de milhares e milhares de pessoas em diversos continentes".
Aga Khan, frisa, "assumiu-se também como figura notável de uma fé aberta ao mundo, sob o signo da tolerância no profundo respeito pelo outro, sendo igualmente notável o seu trabalho de apoio à cultura, às artes e à educação".
"Com o acordo da criação da sede do Imamat Ismaili em Portugal em 2015, a relação já estreita com a comunidade ismaelita aprofundou-se, em benefício da sociedade portuguesa e de uma cada vez mais bem-sucedida integração daquela comunidade em Portugal. Inesquecível foi o Jubileu de Diamante, em 2018, que trouxe a Lisboa cerca de 50.000 fiéis, no qual interveio o Presidente da República Portuguesa", recorda Marcelo.
Desta forma, o Presidente da República "apresenta as suas sentidas e muito amigas condolências aos muçulmanos ismailis e a todos os que se sentem inspirados pela figura do Príncipe Aga Khan".
Aga Khan, fundador e presidente da Rede Aga Khan para o Desenvolvimento (AKDN), e líder dos muçulmanos xiitas ismailis, morreu hoje em Lisboa aos 88 anos, confirmou à Lusa fonte oficial do imamat ismaili.
Shah Karim al Hussaini, príncipe Aga Khan, 49.º Imam hereditário dos muçulmanos ismaelitas, nasceu na Suíça, cresceu e estudou no Quénia e nos Estados Unidos, e tem ligações ao Canadá, Irão e França, e nos últimos anos também a Portugal, com a escolha de Lisboa para sede mundial da comunidade ismaelita, 'Imamat Ismaili', tornando-a uma referência para os cerca de 15 milhões de muçulmanos da minoria xiita.
Discreto, tido como uma das pessoas mais ricas do mundo, Aga Khan IV nasceu a 13 de dezembro de 1936 na Suíça, filho do príncipe Aly Khan e da princesa Tajuddawlah Aly Khan. Cresceu no Quénia, frequentou a Le Rosey School, na Suíça, durante nove anos, e licenciou-se depois em Harvard, nos Estados Unidos.
Definiu-se como um "otimista mas cauteloso", alguém que não sendo um homem de negócios aprendeu a sê-lo, que acreditou que a pobreza existe, mas não é inevitável. E nas palavras de amigos foi alguém que nunca bebeu nem fumou e que dedicou muito do seu tempo ao trabalho e a visitas à comunidade.
Duas vezes casado, teve quatro filhos (um deles deve ser o seu sucessor mas não Zahara, a única filha, porque mulher Imam "absolutamente não"), foi um apaixonado por esqui mas também por cavalos, e criou um império que vai da banca à hotelaria, que financia projetos de desenvolvimento social, incluindo em Portugal, onde existe desde 1983 a Fundação Aga Khan.
A Rede Aga Khan para o Desenvolvimento (AKDN) tem atividades em Portugal e no estrangeiro na área da cultura, da moda e dos festivais, da educação, com apoio a universidades, do ambiente, a ajudar a preservação de sítios, da área social, da sustentabilidade ou da saúde.
[Notícia atualizada às 23h29]
Leia Também: Fundação Aga Khan apoia Bandim a ensinar mulheres a costurar nova vida