A Polícia Judiciária e a Polícia Nacional espanhola protagonizaram, esta manhã, em Madrid, uma conferência de imprensa para detalhar os pormenores da detenção dos dois últimos reclusos de Vale de Judeus, Rodolfo André Lohrmann e Mark Cameron Roscaleer, que foram detidos esta quinta-feira em Alicante, Espanha.
"Não há fronteiras para o crime e também não devia haver fronteiras para a cooperação policial", começou por afirmar o diretor da Polícia Nacional espanhola Francisco Pardo Piqueras, referindo-se ao trabalho feito entre a Polícia Judiciária e os agentes espanhóis para conseguir deter os dois reclusos que estavam foragidos desde 7 de setembro de 2023.
O responsável policial, que foi o primeiro a tomar a palavra, salientou que a detenção ocorreu precisamente "cinco meses depois da sua fuga", salientando depois que tanto o argentino Rodolfo como o britânico Mark são "criminosos muito perigosos", o primeiro deles "um especialista em fugas".
Já Luís Neves, diretor da Polícia Judiciária tomou a palavra para afirmar que "para nós e para a justiça , hoje, é um dia feliz", disse referindo-se à "captura de cinco perigosos criminosos".
Luís Neves fez saber que desde o dia da fuga "encetámos uma relação direta na partilha de informação porque havia de facto suspeitas de que o território de Espanha pudesse ser utilizado por eles", disse, salientando que tem "muito orgulho [...] desta relação, uma relação de décadas, sustentada na profunda confiança e total disponibilidade em que às vezes trabalhamos como se fossemos um só corpo".
O diretor da PJ disse ainda que são "as vítimas" que "nas horas difíceis motiva a polícia" a prosseguir o seu trabalhoe atirou que "depois dos factos graves que ocorreram em Portugal, é importante termos cumprido esta missão".
Detalhes da detenção
A polícia, pela voz do Comissário Martínez Duarte, da Polícia Nacional, detalhou depois os pormenores da detenção, referindo que os dois reclusos "apresentaram resistência" no momento da detenção o que não foi uma surpresa, dado que são "pessoas muito violentas".
Dentro da viatura em que seguiam, foram encontradas "uma pistola, um revólver, 50 mil euros e várias matrículas falsificadas". As autoridades descobriram que Rodolfo André Lohrmann e Mark Cameron Roscaleer, que mantinham exatamente a mesma aparência, estavam a trabalhar entre Málaga e Alicante, e começaram a vigiá-los. Estes foram detidos quando saíam da sua casa em Alicante, na quinta-feira.
"Espanha não é um lugar cómodo para os fugitivos", alertou o Comissário Martínez Duarte, garantindo que a polícia espanhola vai continuar o seu trabalho, para que esta ameaça se mantenha.
Luís Neves acrescentou por sua vez que acredita que os dois reclusos estavam em Espanha desde pouco tempo depois da fuga, dado que um deles, Mark, tinha apoio no Sul de Espanha. Por causa desse dado, estabeleceu de imediato uma cooperação com as autoridades do país, que teve início em outubro.
Questionado sobre se os dois reclusos tiveram ajuda de alguém, em Espanha, Luís Neves respondeu: "Normalmente pessoas nestas circunstancias procuram estar sós". Por esse motivo, admitiu, "porque somos humildes para o dizer [...] nunca pensámos que em vez de um detido íamos ter dois. Foi a cereja em cima do bolo", afirmou, referindo que as autoridades acreditavam que iam apanhar, apenas, o argentino.
"Pelo perfil de Rodolfo André Lohrmann nunca pensámos que iam estar os dois juntos", disse, acrescentando depois que se crê que será este o "cérebro" da fuga da prisão de Vale de Judeus. "O Lohrmann é um sedutor, um manipulador", detalhou, referindo que terá sido ele a organizar a fuga.
Na conferência, revelou-se, ainda que os dois suspeitos estão detidos em Alicante. O argentino já foi colocado à disposição judicial e no próximo domingo, será a vez de Mark ser colocado à disposição judicial para ser iniciado o processo de extradição". Luís Neves acredita que o processo de extradição para Portugal será breve.
Recorde-se que cinco reclusos da prisão de Vale de Judeus colocaram-se em fuga no dia 7 de setembro.
Fábio Loureiro, português de 33 anos, foi recapturado em 07 de outubro de 2024 em Tânger, Marrocos, e aguarda extradição para Portugal.
Um mês mais tarde, Fernando Ribeiro Ferreira, de 61 anos e também português, foi detido numa casa numa pequena localidade do concelho de Montalegre.
Em 10 de dezembro, o georgiano Shergili Farjiani, de 40 anos, foi recapturado em Itália.
Quando fugiram, os cinco reclusos cumpriam penas entre os sete e os 25 anos de prisão, por tráfico de droga, associação criminosa, roubo, sequestro e branqueamento, entre outros crimes.
[Notícia atualizada às 11h15]
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