O Procurador-Geral da República (PGR), Amadeu Guerra, reagiu, ao início da tarde desta sexta-feira, às declarações do Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, que disse, há dias, que a "Justiça tardia não é tão justa como Justiça rápida".
Amadeu Guerra começou por dizer que "concorda" com o Chefe de Estado e que está já "a fazer para que [a Justiça] seja mais rápida, mais célere", nos "processos mediáticos e não só".
Contudo, assumiu o procurador, isso nem sempre é fácil fazer "face à amplitude de toda a prova que existe".
Amadeu Guerra reconheceu que casos como o Tutti Frutti, cujos arguidos só foram constituídos esta semana, cerca de oito anos depois de o caso começar a ser investigado, não deviam acontecer. Mas acontecem e vão continuar a acontecer.
"Houve uma fase inicial em que a PJ não tinha os meios que tem hoje. O que pode ser visto no processo. A partir do momento que foi dado um despacho, o processo andou de uma forma muito rápida. E aí não há nada a dizer relativamente à PJ, antes pelo contrário, fizeram um trabalho muito mereditório [...] Agora, acho que oito anos é muito tempo, é verdade. Queremos que esses prazos acabem. [Porém] existem processos que têm já esse tempo e estão agora a ser revolvisos, por isso vão continuar a dizer que a investigação dura muito tempo", explicou, acrescentando que "nem sempre conseguimos com a celeridade que as pessoas querem".
Já sobre a recaptura dos últimos dois evadidos da prisão de Vale de Judeus, Amadeu Guerra, parabenizou os inspetores da PJ pelo trabalho.
"É uma vitória para Justiça e deve-se valorizar o trabalho da PJ e a persistência e esforço que fizeram em colaboração com outras autoridades. Além disso, foram todos recapturados num prazo relativamente curto", notou.
O Ministério Público acusou, a 4 de fevereiro, 60 pessoas de, no global, 463 crimes de corrupção ativa e passiva, prevaricação, tráfico de influência, branqueamento, burla qualificada, falsificação de documento, abuso de poder e recebimento indevido de vantagem.
Recorde-se que entre os arguidos da operação Tutti Frutti, há deputados na Assembleia da República, presidentes de juntas de freguesia em Lisboa e vereadores na capital do PSD e do PS, suspeitos de adjudicações a empresas como contrapartida, sobretudo, à concessão de apoio político local.
Alguns dos acusados suspenderam ou renunciaram entretanto aos mandatos.
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