O deputado do Partido Social Democrata (PSD) Carlos Eduardo Reis, arguido no processo Tutti Frutti, anunciou esta sexta-feira que vai suspender o mandato de deputado no final do mês, e deixou algumas críticas à liderança do grupo parlamentar em que está inserido.
Sublinhando que já percebeu que lhe foi retirada "a confiança política" por parte do grupo parlamentar, Carlos Eduardo Reis disse, em entrevista à SIC Notícias: "Não vou passar a deputado não inscrito. Não vou continuar na bancada contra a vontade da direção do meu grupo parlamentar. A minha opinião é que deveria continuar, mas, no final deste mês, cumprindo as obrigações que tenho até lá, suspenderei as minhas funções no grupo parlamentar".
Na mesma entrevista, o social-democrata disse que ainda não recebeu a notificação do Ministério Público (MP). "Fui notificado pela imprensa. Ainda não fui notificado desta acusação e, portanto, acho que a política tem os seus tempos, eles estão muito rápidos. A política está 'fast food', mas entendi - e fiz chegar isso ao líder parlamentar [do PSD, Hugo Soares] nos breves minutos que falámos - que, quando voltasse, poderíamos abordar esta situação e tomar uma decisão".
Carlos Eduardo Reis estava em Paris, França, quando foi conhecida a acusação. Ao canal, o social-democrata explica que apesar de haver forma de comunicação para tratar do assunto, como comunicados, optou por não suspender o mandato por opção.
Carlos Eduardo Reis apontou ainda que o grupo parlamentar do PSD 'estendeu' um convite para que este renunciasse, acusando ainda o líder parlamentar, Hugo Soares, de ter tido a reunião pela qual este aguardava sem a sua presença - dado que esta semana o líder parlamentar esteve na SIC, onde falou sobre o assunto.
"Uma reunião mais pública que esta não há", atirou, durante a entrevista, referindo-se ao momento em que Hugo Soares esteve na SIC. "O convite não é à suspensão. O convite é à renúncia", criticou ainda.
Carlos Eduardo Reis justificou que só suspenderá o mandato no final do mês porque tem compromissos ainda e e sublinhou: "Faço-o no meu tempo e não no tempo imediato que a direção do grupo parlamentar pediu. Não é birra, é o meu entendimento".
O deputado em causa responde, segundo a acusação do MP, por 22 crimes, entre os quais seis de corrupção ativa e outros de prevaricação.
[Notícia atualizada às 21h09]
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